Apresentado este sábado, o Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos celebra a sua décima edição concentrando perto de 800 autores e artistas (dos quais dois prémios Nobel) que, entre 9 e 19 de Outubro, protagonizarão 464 iniciativas em torno do tema “Fronteiras”.

Os dois laureados com o Nobel da Literatura, que haviam já sido anunciados na primeira quinzena de Agosto, são a escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch (que passará pelo Folio no dia 11 de Outubro) e o autor sul-africano J. M. Coetzee (dia 17). Da programação do Folio Autores, que ao todo reúne 29 escritores, fazem também parte a norte-americana Anne Applebaum, o israelita Avi Shlaim, o espanhol Fernando Aramburu, o irlandês Paul Murray, a norte-americana Lionel Shriver e o francês Pierre Singaravélou.

A programação do Folio Mais, que terá, pelo segundo ano seguido, curadoria de Candela Varas, passará por “diálogos inesperados” e “leituras em lugares surpreendentes”, afirmando “todo o Folio como um laboratório de atravessamento de fronteiras”, refere Joana Pinho, da livraria Ler Devagar, que, juntamente com a Óbidos Criativa e a Fundação Inatel, é parceira do município de Óbidos na organização do festival.

Em articulação com a Casa do Comum, o Instituto Cervantes de Lisboa e a Ler Devagar, o Folio Mais alarga a sua programação “à capital, não apenas durante o festival, mas também ao longo do ano”, explica à Lusa o presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel.

Na vertente musical, a Folio mantém a curadoria da Fundação Inatel, que levará ao palco da Praça da Criatividade, em Óbidos, Expresso Transatlântico, A Cantadeira, Hélder Moutinho, O Gajo, Xuxu Kalhus, a Orquestra de Jazz de Leiria​ e ainda a Banda Filarmónica Obidense.

No âmbito do Fólio Educa, braço do festival que cruza literatura e educação, as escolas de Óbidos receberão 31 autores. Integrado no Educa, o Folio Tec promove quatro conversas sobre inovação, inteligência artificial, o mercado editorial e narrativas em múltiplos formatos.

A programação inclui ainda 21 exposições e um capítulo dedicado à Banda Desenhada (que apresentará uma antologia internacional dedicada à noção de fronteira e à luta política antifascista), bem como filmes de animação, mesas redondas e visitas guiadas com alguns dos artistas.

O Folio BD partilhará o espaço do Museu Abílio de Mattos e Silva com uma das novidades desta edição, o Folio Cinema, cuja programação inclui a antestreia mundial de Nora Helmer, obra de João Lourenço e Nuno Neves inspirada na peça de teatro A Casa de Bonecas, do dramaturgo Henrik Ibsen. Serão também exibidas outras películas que resultam da adaptação para cinema de diferentes obras literárias.

Numa parceria com a Audiogest, entidade promotora dos PLAY — Prémios da Música Portuguesa, o Folio contará nesta edição com “play talks”, um espaço de diálogo entre música e literatura com conversas em que participarão Miguel Carretas (director-geral da Audiogest), o crítico musical Rui Miguel Abreu e os músicos Pedro Abrunhosa, Bárbara Tinoco e Tiago Bettencourt.

O festival, que este ano abrirá o Espaço Folio Baby, assinala ainda o seu décimo aniversário com a edição de um livro comemorativo. Durante o festival será entregue o Prémio Literário Fernando Leite Couto, atribuído ao livro Costurar a Linguagem, de Zacarias Nguenha.

O Folio, diz Filipe Daniel, mantém este ano um orçamento “de 450 mil euros”, mas “reduz as iniciativas” (ultrapassaram as 600 na edição do ano passado), optando a organização por “menos acções, mas com maior projecção”.

A aposta da autarquia passa ainda por “cimentar as estratégias em termos de residências literárias com escritores estrangeiros e nacionais”, reforçando também “as parcerias que têm sido implementadas com a China, o Japão e Espanha”, entre outros países.

O Folio realiza-se em Óbidos desde 2015. Apenas em 2020, devido à pandemia, não se realizou.