A Rússia está a intensificar a guerra híbrida contra o Ocidente, aumentando o número de actos de sabotagem, ataques informáticos e incursões no espaço aéreo europeu – como é exemplo a recente entrada de drones russos em espaço aéreo polaco e caças a sobrevoar a Estónia.
O jornal El País revela que várias análises confidenciais consultadas por este jornal dão conta de “um aumento” das actividades híbridas do Kremlin na Europa. O número de incidentes teve especial aumento após as eleições europeias, que tiveram lugar em Junho de 2024.
Moscovo intensificou os seus ataques, sabotagens, agressões informáticas, actos de interferência política, assaltos a infra-estruturas chave e incursões no espaço aéreo europeu, como as mais recentes com drones sobre a Polónia e a Dinamarca e caças sobre a Estónia.
“A Rússia está a redobrar a pressão, utilizando uma mistura de técnicas antigas e ferramentas mais sofisticadas. Explora ainda a dúvida sobre se essas operações, intoleráveis, foram voluntárias ou acidentais”, confidencia uma fonte de inteligência especializada na ameaça russa ao jornal espanhol.
O objectivo do Kremlin passará por tentar enfraquecer a união dos europeus e enfraquecer os aliados de Kiev, num momento em que o conflito entre Rússia e Ucrânia se arrasta há mais de três anos e meio.
Para Mark Rutte, secretário-geral da NATO, o termo guerra “híbrida” é uma espécie de eufemismo, visto que estes actos russos têm provocado vítimas mortais e outros danos reais.
“[A palavra] soa bem, mas significa atentados com assassinatos, interferências de aviões, ataques ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e muitos outros exemplos”, diz o responsável, citado pelo mesmo diário.
No dia 1 de Setembro, o voo que transportava Ursula von der Leyen foi alvo de interferência russa. O sistema de GPS da aeronave foi desactivado, mas o avião com a presidente da Comissão Europeia aterrou na Bulgária em segurança.
Mais recentemente, na passada quarta-feira, foi o jacto que transportava a ministra espanhola Margarita Robles a ser alvo da mesma tentativa de interferência, enquanto a aeronave sobrevoava o enclave russo de Kaliningrado. Neste caso, o incidente não teve consequências, uma vez que o avião recebe indicações de orientação de um satélite militar.
Houve ainda outros incidentes que envolveram cerca de 20 drones russos, que sobrevoaram território polaco. Foram destacados caças da NATO para a região, com as forças armadas polacas a abater os drones. Para o Governo polaco tratou-se de uma “violação sem precedentes” do espaço aéreo do país. Dias mais tarde, também a Roménia registou a entrada não autorizada de um drone russo no espaço aéreo.
Após a violação do espaço aéreo da Polónia por drones russos, na madrugada desta quarta-feira, o Governo de Varsóvia invocou o artigo 4.º do Tratado do Atlântico Norte, que estabelece que os Estados-membros da NATO devem consultar-se sempre que considerem ameaçada a sua integridade territorial, independência política ou segurança.
Este domingo, após um dos maiores bombardeamentos lançados pela Rússia contra Kiev, a Polónia decidiu encerrar o espaço aéreo entre Lublin e Rzeszow. Foram ainda accionados jactos para garantir a segurança do espaço aéreo nacional.