“Em resposta a pedido de esclarecimento da CMVM, a Impresa informa que, de acordo com informação prestada pela sua acionista maioritária, no âmbito das negociações tornadas públicas com o grupo MFE não se encontra afastada a possibilidade da aquisição por este de uma participação relevante (direta ou indireta) para efeitos de controlo na Impresa, reiterando que, nesta data, não existe qualquer acordo vinculativo para o efeito”. Ou seja, o grupo fundado por Francisco Pinto Balsemão admite a perda de controlo da empresa.

Ontem, sábado, dia 27, a Impresa enviou um primeiro comunicado a confirmar as conversações, na sequência de uma notícia do jornal italiano Il Messaggero.

“Face às notícias divulgadas na comunicação social, a Impresa informa que lhe foi comunicado pelo seu acionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante na Impresa”, informou a empresa em comunicado enviado à CMVM. “Embora não exista, nesta data, qualquer acordo vinculativo entre o acionista e a MFE para o efeito”, acrescentou a empresa dirigida por Francisco Pedro Balsemão, filho do fundador.

A Impresa registou no ano passado um prejuízo de 66,2 milhões de euros, que a empresa explicou ter sido devido a uma imparidade de 60,7 milhões de euros relacionada com os segmentos da televisão e da subsidiária Infoportugal. Já no primeiro semestre deste ano apresentou perdas de 5,1 milhões de euros, um aumento de 27,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, acompanhado por um recuo de 0,8% das receitas consolidadas para 85,9 milhões. A dívida líquida também cresceu para 148,2 milhões de euros, um aumento de 3,8% face ao final de junho de 2024.

A empresa tentou vender em junho o edifício da sua sede, em Oeiras, ao BPI, por 37 milhões de euros, mas a operação não se concretizou, como informou a Impresa em comunicado ao mercado no dia 24 de julho. O grupo já tinha realizado uma operação semelhante em 2018, quando vendeu a sede ao Novobanco e encaixou 24,2 milhões de euros.

O grupo MFE – MediaForEurope, pertencente à família de Sílvio Berlusconi – o empresário e político italiano, várias vezes primeiro-ministro, que morreu em junho de 2023 – assume a ambição de se tornar um “agregador de emissoras comerciais líderes na Europa”, para criar um “player pan-europeu operando em todos os principais mercados, forte em conteúdo e tecnologia”, lê-se no site do grupo.

No ano passado gerou receitas consolidadas de quase três mil milhões de euros, operando em Itália e Espanha, e acaba de entrar no capital do grupo alemão ProSiebenSat.1, detentor de canais de televisão e plataforma de streaming, através de uma Oferta Pública de Aquisição que lhe garante uma fatia de 75,61% da empresa.

Em Itália, o grupo da família Berlusconi é dono dos canais televisivos Canale 5, Italia 1 e Retequattro, além de ser detentor de cinco rádios, de produtoras de informação e entretenimento e de plataformas de streaming.

Em Espanha, a MFE tem dois canais televisivos generalistas, Telecinco e Cuatro, e cinco canais temáticos (Divinity, Factoria de Ficcion, Boing, Energye Be Mad). Além disso, o grupo reclama a liderança no digital com as plataformas Mitele and MitelePlus.