As autoridades dinamarquesas consideram que esta medida “elimina o risco de drones hostis serem confundidos com drones legais e vice-versa”. Este domingo as Forças Armadas dinamarquesas detetaram novamente drones a sobrevoar as suas instalações militares
Horas depois das Forças Armadas dinamarquesas terem detetado – pela segunda vez consecutiva – novos drones a sobrevoar as suas instalações militares, o Governo de Mette Frederiksen tomou uma decisão: vai proibir todos os voos de drones civis na próxima semana, para garantir a segurança da cimeira da UE que reunirá chefes de Governo em Copenhaga.
“A Dinamarca vai receber os líderes europeus na próxima semana e vamos prestar especial atenção à segurança. Portanto, de segunda a sexta-feira, fecharemos o espaço aéreo dinamarquês a todos os voos de drones civis”, declarou o ministro dos Transportes, Thomas Danielsen.
O anúncio surge depois de as Forças Armadas dinamarquesas terem anunciado o avistamento de drones sobre instalações militares do país durante a noite, pelo segundo dia consecutivo, depois de várias violações do espaço aéreo europeu por aeronaves russas nos últimos dias.
Antes, a polícia confirmou que “um ou dois drones” tinham sido observados na sexta-feira à noite perto e acima da base militar de Karup, a maior do país, que alberga todos os helicópteros das Forças Armadas, a vigilância do espaço aéreo, a escola de aviação e funções de apoio.
O incidente junta-se aos que têm vindo a decorrer desde segunda-feira numa campanha que o Governo dinamarquês descreveu como atos de “guerra híbrida”. A intrusão levou ao encerramento temporário do espaço aéreo ao tráfego civil durante algum tempo.
Voos de drones já tinham sido observados na quarta-feira à noite sobre a Base Aérea de Skrydstrup e sobre o Aeroporto de Aalborg, a quarta maior cidade do país, que também tem uma componente militar, obrigando o aeroporto a suspender os voos durante uma hora.
“Não podemos aceitar que drones estrangeiros criem incerteza”
Na segunda-feira, o surgimento de drones tinha também levado o Aeroporto de Copenhaga a encerrar o tráfego aéreo durante cerca de quatro horas, causando atrasos a aproximadamente 20.000 passageiros.
Os sobrevoos de drones no espaço aéreo dinamarquês desde 22 de setembro levaram ao encerramento de vários aeroportos, com a Dinamarca a sugerir um possível envolvimento russo – Moscovo tem negado qualquer responsabilidade.
A Dinamarca, que preside neste segundo semestre ao Conselho da União Europeia, acolhe na quarta-feira um Conselho Europeu informal, em Copenhaga, estando prevista a presença do primeiro-ministro português, Luís Montenegro.
No dia seguinte, realiza-se, também na capital dinamarquesa, uma cimeira da Comunidade Política Europeia, igualmente com a participação do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
“Não podemos aceitar que drones estrangeiros criem incerteza e agitação na sociedade, como temos experimentado recentemente”, disse ainda o ministro dinamarquês, num comunicado.
As autoridades dinamarquesas consideram que esta medida “elimina o risco de drones hostis serem confundidos com drones legais e vice-versa”.
“Estamos atualmente numa situação de segurança difícil e temos de garantir as melhores condições de trabalho possíveis para as Forças Armadas e a Polícia, que são responsáveis pela segurança durante a cimeira da UE”, disse, por seu lado, o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen.
Uma violação da proibição pode levar a multas ou prisão até dois anos.
A Dinamarca pediu ajuda às Forças Armadas alemãs para garantir a segurança da reunião informal, durante a qual vão deslocar um contingente das suas forças anti-drones para Copenhaga.