O salão automóvel alemão (IAA), que decorreu este mês em Munique, foi o palco escolhido pelo fabricante chinês de baterias CATL para anunciar mais um conjunto de promessas. Visando cativar o interesse da poderosa indústria automóvel germânica, este fabricante de acumuladores, que figura entre os mais respeitados da China, revelou as novas baterias Shenxing Pro que, com recurso a uma nova tecnologia, a NP 3.0, consegue gerar dois tipos distintos de acumuladores para veículos eléctricos, o Shenxing Pro Super Long Life & Long Range Battery e o Shenxinh Pro Super-Fast Charging Battery. O primeiro está indicado para baterias que procuram maior tempo de vida e mais autonomia e o segundo está optimizado para cargas mais rápidas por aceitar potências superiores.

Os novos dois tipos de bateria da CATL complementam-se, uma a oferecer mais autonomia e a outra recargas mais rápidas

De uma assentada, a CATL reclama ter resolvido os dois maiores problemas que enfrentam os veículos eléctricos, nomeadamente a pouca autonomia em condições reais de utilização, bem como o elevado tempo que os condutores necessitam de estar parados junto ao posto de carregamento antes de seguir viagem. Com as baterias Long Life & Long Range, a CATL propõe um pack com uma capacidade de 122 kWh, ou seja, uma das maiores do mercado, capaz de garantir uma autonomia de 758 km, de acordo com o método europeu WLTP. Só por estes dados (o fabricante não anuncia as dimensões do modelo utilizado, o seu peso ou potência), a nova e alegadamente inovadora bateria da CATL não consegue impressionar, uma vez que, desde 2022, a Mercedes comercializa o EQS 450+, uma berlina muito grande (5,216 m de comprimento) e muito pesada (2545 kg) que, ainda assim, anuncia 799 km de autonomia entre recargas, montando uma bateria com uma capacidade de 118 kWh. E, se considerarmos um veículo de menores dimensões e mais leve, como por exemplo a berlina Model 3 da Tesla (com 4,72 m e 1810 kg), então a desvantagem da CATL ainda parece maior, pois este modelo anuncia (em WLTP) 702 km com uma bateria de 75 kWh, o que lhe permitiria teoricamente percorrer 1142 km caso possuísse os mesmos 122 kWh. E mesmo que entremos em linha de conta com o peso adicional que a bateria maior implicaria, o Model 3 estaria sempre acima dos 1000 km entre visitas ao posto de carga…

Baterias para 2 milhões de km “estão prontas”, diz CATL

Com a garantia standard da indústria automóvel a estar fixada nos 8 anos e 160.000 km para a maioria dos construtores, antes da capacidade total cair abaixo dos 70% do valor original, as novas baterias Shenxing Pro Long Life & Long Range reivindicam uma duração superior, anunciando 12 anos ou 1.000.000 km até ficarem abaixo dos 70%. A empresa garante ainda que a degradação da capacidade é de apenas 9% ao fim de 200.000 km.

As novas baterias que privilegiam a velocidade de carregamento, as Shenxing Pro Super-Fast Charging, perdem em autonomia, uma vez que com 110 kWh percorre somente 683 km com uma carga completa. Mas o trunfo das Super-Fast Charging reside na capacidade de recarregar a energia necessária para percorrer mais 520 km em apenas 5 minutos, sob uma temperatura normal (+25º). E, segundo a CATL, conseguem também recarregar electricidade para mais 410 km em 10 minutos com tempo muito frio (-20º), factor que tradicionalmente representa um desafio adicional para as baterias.

As baterias CATL Shenxing Pro vão ser propostas em duas versões

Os chineses da CATL já prometeram no passado estar em vias de lançar no mercado as baterias sólidas, consideradas como o Santo Graal dos acumuladores e que ninguém conseguiu industrializar até hoje, bem como ter prontas para comercialização em 2020 as primeiras baterias capazes de permitir percorrer 2 milhões de quilómetros, sendo que nenhuma das duas promessas se chegou a materializar. Pelo lado positivo, e como a CATL declarou estar a usar a química LFP nestas novas baterias, tudo indica que este fabricante de acumuladores conseguiu resolver algumas das limitações desta química preferida pelos chineses, uma vez que não ardem em caso de acidente ou defeito de construção, não necessitando de metais como o cobalto ou o níquel.