O grupo Volga-Dnepr vai transferir oito aviões de carga — seis Boeing 737 e dois Boeing 747 — ao abrigo de um acordo avaliado em cerca de 130 milhões de dólares (cerca de 120 milhões de euros), segundo o diário Kommersant.

Uma vez que a Aeroflot centrou a atividade no transporte de passageiros desde 2010, pelo que o valor do negócio é relativamente baixo e estes modelos do grupo Volga-Dnepr estão fora de uso desde 2022, especialistas citados pelo jornal concluíram que os aparelhos serão “canibalizados” para alimentar a frota de passageiros.

Devido ao elevado custo, a reconversão destes aviões para transporte de passageiros é considerada inviável.

Outra hipótese seria trocá-los por aviões de passageiros com um país aliado de Moscovo, mas os especialistas afastam essa possibilidade devido ao risco de sanções secundárias relacionadas com a guerra na Ucrânia.

Em março, Serguei Chemezov, diretor da corporação estatal de desenvolvimento tecnológico Rostec, declarou que a Rússia terá de fabricar pelo menos 200 aviões até 2030 para compensar a retirada das aeronaves de companhias estrangeiras que abandonaram o país devido à guerra.

Na sequência das sanções económicas impostas à Rússia desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Moscovo enfrenta grandes dificuldades na importação de tecnologia, o que afeta a manutenção da frota aérea civil.

De acordo com a BBC, a Rússia fabricou apenas sete aviões entre o início da guerra e o final de 2024, contra 13 aparelhos produzidos em 2021.

A indústria aeronáutica civil enfrenta ainda a concorrência da indústria militar, que tem prioridade na limitada capacidade de produção resultante sobretudo das sanções, que restringem o acesso a tecnologia e equipamentos modernos.

Além de nacionalizar os aviões de companhias estrangeiras que deixaram de operar no país, as empresas russas foram forçadas a “canibalizar” parte da frota para reutilizar peças e reparar aeronaves em mau estado.

Em 2023, no esforço para contornar as sanções europeias, Moscovo chegou a importar componentes aeronáuticos de uma empresa registada no Gabão, num valor de 2.000 milhões de dólares (cerca de 1.700 milhões de euros).