Duke Marine Robotics e Remote Sensing Lab
Navios e depósitos de munições foram deixados ao abandono em vários cantos do mundo depois da Segunda Guerra Mundial. Mas a natureza fez o seu trabalho, e repovoou estes lugares cinzentos.
Cientistas do Departamento de Investigação Marinha Senckenberg am Meer, na Alemanha, e da Universidade Duke, nos EUA, revelaram, pela primeira vez, dois locais onde a natureza recuperou aquilo que deixámos ao desperdício, explica a New Atlas.
E a natureza fez a sua “apropriação” de material bélico por duas vezes: primeiro, num depósito de munições da Segunda Guerra Mundial no Mar Báltico, e, em segundo lugar, na “Frota Fantasma” em Mallows Bay, Maryland, onde navios da Primeira Guerra Mundial foram afundados na década de 1920.
E o mais surpreendente, denotam os autores dos dois estudos publicados na Nature a 25 de setembro, é que a vida marinha pareceu adaptar-se aos potenciais tóxicos. As concentrações de compostos explosivos (TNT e RDX) variaram entre 30 nanogramas e 2,7 miligramas por litro – mas mesmo nos valores mais altos, a vida animal era abundante.
Mas porque buscaram estas espécies este habitat? Os cientistas acreditam que viver numa superfície sólida ser mais vantajoso do que em substratos mais temporários.
“No geral, a comunidade epifaunal nas munições descartadas na área de estudo atinge uma densidade elevada, com as estruturas metálicas elevadas a fornecerem um habitat adequado para os organismos bentónicos“, afirmam os investigadores.
“Embora a adição de novos substratos duros aos ecossistemas marinhos possa ser questionável devido à alteração do habitat circundante e até à possível criação de refúgio para espécies não nativas, no caso particular do Mar Báltico alemão, novos substratos duros podem ser uma ferramenta de conservação e conduzir a condições mais próximas das naturais iniciais”.