O plano, que Trump garante ter sido aceite por Israel, diz que Gaza se deve tornar uma “zona livre de terrorismo e desradicalizada” e que o Hamas deve fazer os reféns retornar a casa, pondo fim imediato à guerra. Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião entre os dois líderes políticos, o presidente dos EUA garantiu que o acordo de paz “está para lá de muito próximo”.
Segundo os EUA, a proposta já terá sido aprovada pelas restantes partes envolvidas nas negociações, como a Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos. Serão os países árabes e muçulmanos a “lidar com o Hamas”, para que aprove o plano de paz, mas que, se não conseguirem, os EUA darão todo o apoio a Israel para “destruir a ameaça” do grupo terrorista.
Em conferência de imprensa ao lado do líder israelita, Trump garantiu que Netanyahu tinha concordado com o plano, que apela a um cessar-fogo imediato, seguido do desarmamento do Hamas e da retirada israelita. Todos os túneis e zonas de produção de armamento do Hamas na região serão destruídas, no âmbito deste plano. O Hamas também ainda não deu a sua aprovação, mas Trump disse estar esperançado que o grupo militante seja a favor.
Plano de 20 pontos
O plano de 20 pontos estabelece que, com o acordo de ambas as partes, “a guerra terminará imediatamente”, com a retirada israelita programada para a libertação dos últimos reféns detidos pelo Hamas. Durante esse período inicial, haverá um cessar-fogo.
Os pontos-chave incluem o envio de uma “força de estabilização internacional temporária” e a criação de uma autoridade de transição chefiada por Trump. O acordo exigiria que os militantes do Hamas se desarmassem totalmente e fossem excluídos de futuros cargos no governo. No entanto, aqueles que aceitassem uma “coexistência pacífica” seriam amnistiados. Após a retirada israelita, as fronteiras seriam abertas à ajuda e ao investimento.
Numa mudança crucial em relação aos objectivos aparentes de Trump, os palestinianos não serão forçados a sair e, em vez disso, diz o documento, as pessoas serão encorajadas a ficar e ser-lhes-á oferecida “oportunidade de construir uma Gaza melhor”.
Netanyahu apoia o plano de Trump para Gaza
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse esta segunda-feira que apoia o plano de 20 pontos do Presidente norte-americano, Donald Trump, para acabar com a guerra em Gaza.
“Apoio o vosso plano para acabar com a guerra em Gaza, que atinge os nossos objectivos de guerra. O plano vai trazer de volta a Israel todos os nossos reféns, desmantelar as capacidades militares do Hamas, acabar com o seu domínio político e garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça para Israel”, disse Netanyahu, na conferência de imprensa conjunta com Trump na Casa Branca.
O líder israelita afirma que não vê qualquer papel para a Autoridade Palestiniana no futuro de Gaza, sem uma “mudança radical” e que continuará a manter sob sua responsabilidade a segurança na Faixa de Gaza, no pós-guerra.
“O Hamas será desarmado. Gaza será desmilitarizada. Israel manterá a responsabilidade pela segurança, incluindo um perímetro de segurança, num futuro previsível. E, por último, Gaza terá uma administração civil pacífica, que não será gerida nem pelo Hamas nem pela Autoridade Palestiniana”, disse Netanyahu.
“Se o Hamas rejeitar o seu plano, Sr. Presidente, ou se supostamente o aceitar e depois, basicamente, fizer tudo para o contrariar, então Israel terminará o trabalho sozinho. Isto pode ser feito da maneira mais fácil, ou da maneira mais difícil, mas será feito”.
Egito e Emirados apoiam proposta para Gaza
Os presidentes do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, e dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed al-Nahyan, manifestaram hoje apoio à recente iniciativa apresentada pelo homólogo norte-americano, Donald Trump, para um cessar-fogo em Gaza.
Segundo o porta-voz presidencial egípcio, Mohamed el-Shenaui, ambos os dirigentes discutiram no Cairo a situação regional e, em particular, os acontecimentos em Gaza, sublinhando “a necessidade crucial de apoiar esta iniciativa para abrir caminho a uma paz permanente e abrangente na região”.
Al-Sisi e al-Nahyan reuniram-se no palácio presidencial al-Ittihadiya, no Cairo, acompanhados pelas respetivas delegações, tendo depois mantido um encontro bilateral à porta fechada e um almoço de trabalho.
Durante a reunião, o Presidente egípcio destacou as “profundas e fortes relações bilaterais” entre os dois países e a cooperação em várias áreas, nomeadamente no comércio e nos investimentos, garantindo que serão eliminados todos os obstáculos que possam afetar os investimentos dos Emirados Árabes Unidos.
No sábado, o jornal israelita The Times of Israel divulgou os pormenores de uma alegada proposta de 21 pontos que prevê a libertação dos reféns na Faixa de Gaza e a retirada gradual do exército israelita. O movimento islamita Hamas afirmou, no entanto, que não recebeu qualquer proposta.
Pedido de desculpas ao Catar
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, telefonou esta segunda-feira da Casa Branca ao primeiro-ministro do Catar, pedindo desculpa pelos ataques contra o Hamas no país do Golfo e prometendo não voltar a fazê-lo, informaram os EUA.
Netanyahu, que até agora se tinha mostrado desafiador desde que ordenou os ataques a 9 de setembro, fez a chamada enquanto se reunia com o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre um cessar-fogo em Gaza.
“Como primeiro passo, o primeiro-ministro Netanyahu lamentou profundamente que o ataque de mísseis de Israel contra alvos do Hamas no Catar tenha matado involuntariamente um militar do Catar”, afirmou um comunicado da Casa Branca.
“Ele também lamentou que, ao atingir a liderança do Hamas durante as negociações de reféns, Israel tenha violado a soberania do Catar e afirmou que Israel não realizará um ataque desse tipo novamente no futuro”, disse o comunicado. Israel não deu imediatamente conta do telefonema.