O departamento de energia dos Estados Unidos instruiu os seus funcionários a evitar uma série de termos ligados ao ambiente e às energias limpas. Segundo avançou o Politico, a decisão partiu de um responsável nomeado por Donald Trump e foi comunicada por email à equipa do gabinete de eficiência energética e energias renováveis.
Entre as expressões agora banidas estão “alterações climáticas”, “verde”, “descarbonização”, “transição energética”, “sustentabilidade”, “pegada de carbono” e até a palavra “emissões”. De acordo com a publicação, a justificação é que alguns destes termos transportam uma conotação negativa — ainda que, em definições de dicionário, sejam considerados neutros.
Um contraste com a missão do gabinete
O gabinete de eficiência energética e energias renováveis foi criado no final da década de 1970, em resposta à crise do petróleo, com o objectivo de promover soluções capazes de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e proteger a economia norte-americana de choques de preço no mercado energético.
A decisão da administração Trump vai, assim, em sentido contrário à missão inicial desta estrutura. O presidente norte-americano e os seus aliados têm multiplicado críticas às chamadas “energias verdes”, descrevendo-as em discursos oficiais como uma “fraude”. Num encontro recente nas Nações Unidas, Trump chegou a afirmar que os países que investem em solar, eólica ou baterias estão “condenados ao fracasso”.
Realidade contraria Trump
Apesar desta retórica, os números mostram uma tendência inversa no resto do mundo. De acordo com a BloombergNEF, o investimento global em energias renováveis atingiu um novo máximo no primeiro semestre de 2025, crescendo 10% face ao mesmo período do ano anterior. A energia eólica offshore e a produção solar de pequena escala foram os principais motores deste aumento, que elevou o montante investido para 386 mil milhões de dólares (cerca de 330 mil milhões de euros ao câmbio actual).