A cadeia de supermercados Arreiou tem sido um dos principais alvos da vandalização e pilhagens dos manifestantes que se juntaram ao protesto dos táxis (carrinhas de transporte de pessoas) contra a subida do preço dos combustíveis iniciado na segunda-feira, em Angola. A grande presença de lojas de proximidade da cadeia de supermercados nos bairros periféricos de Luanda terá acabado por ditar a (má) sorte de dezenas delas.
As perdas de mercadorias e os danos nas infra-estruturas são significativos e podem levar mesmo ao encerramento de algumas das lojas, o que, a acontecer, contribuirá ainda mais para o desemprego local. Ainda esta terça-feira, o Platina Line falava na perda da “esperança de continuar a servir comunidades que já enfrentam tanto”.
No entanto, outros factores podem estar por trás das pilhagens, e não será propriamente a ideia partilhada na capital angolana, em género mito urbano, de que estas lojas seriam fornecidas pela fazenda do Presidente João Lourenço.
Criadas para competir com as denominadas cantinas, as lojas que vendem de tudo um pouco nos bairros populares, cadeias como a Arreiou e a Bem Me Quer (ambas pertencentes à empresa Mega Cash & Carry, criada com capitais angolanos e portugueses) entraram nos bairros promovendo-se como sendo mais baratas. No entanto, como escrevia o jornal económico Expansão, acabam por praticar preços acima dos comerciantes locais, contrariando o seu sobrenome, presente nas fachadas de todas as suas lojas: Tá Barato!
Além disso, ainda no ano passado, funcionários da cadeia de supermercados denunciavam a prática de violações às leis laborais, nomeadamente, obrigar a turnos de dez horas em vez das oito horas diárias que são a jornada de trabalho normal. No entanto, um gerente de uma loja no Cazenga, em Luanda, dizia ao Novo Jornal que as muitas queixas de funcionários e de clientes eram recebidas em silêncio pela direcção da cadeia de lojas.