A Lufthansa, o maior grupo aéreo europeu, anunciou nesta segunda-feira a eliminação de quatro mil postos de trabalho até 2030, principalmente na Alemanha, no âmbito de um plano destinado a reforçar a rentabilidade.
Esta redução de pessoal, na ordem de quase 4% do total de funcionários, a maior desde a pandemia de covid-19, será feita “em concertação com os parceiros sociais” e “o foco será colocado nos cargos administrativos, em vez das funções operacionais”, precisou a empresa alemã num comunicado publicado durante o dia do investidor do grupo.
O Grupo Lufthansa manifestou no início do mês a intenção de analisar “cuidadosamente” o caderno de encargos da reprivatização da TAP, considerando na altura ser “o melhor parceiro” para a companhia aérea portuguesa “e para Portugal”.
A Lufthansa destacou a ligação histórica à TAP através da Star Alliance e o investimento em novas instalações de manutenção perto do Porto.
“Aguardamos com interesse a entrada no processo para avaliar os requisitos definidos pelo Governo e a viabilidade comercial de um eventual investimento”, respondeu o grupo alemão quando questionado pela Lusa sobre a aprovação do caderno de encargos e calendário do processo de reprivatização da companhia aérea portuguesa.
Na semana passada, a Parpública, gestora das participações estatais, informou que os interessados na compra de até 44,9% do capital da TAP devem enviar a sua declaração de interesse por email até às 16h59 de 22 de Novembro.
O caderno de encargos prevê também que 5% do capital ficará reservado aos trabalhadores, conforme a Lei das Privatizações, e o futuro comprador terá direito de preferência sobre a fatia não subscrita.
A Alemanha e algumas das suas empresas emblemáticas estão mergulhadas numa crise, com uma recessão durante dois anos consecutivos e o desemprego no nível mais alto da última década. Vários factores estão em causa: a concorrência chinesa, o preço da energia, o atraso na implantação de novas tecnologias, entre outras.
Na quinta-feira, foi a Bosch, o maior fabricante mundial de equipamentos automóveis, que anunciou a eliminação de mais 13 mil postos de trabalho até 2030 na Alemanha.
O grupo Lufthansa, que emprega 103 mil pessoas em todo o mundo através das companhias Lufthansa Airlines, Austrian, Swiss, Eurowing, Brussels Airlines e ITA airways, bem como das divisões de carga e manutenção, irá reduzir o seu efectivo através da digitalização, automatização e racionalização dos processos, precisa o comunicado emitido nesta segunda-feira.
A empresa estabeleceu novas metas financeiras para o período 2028-2030: uma margem operacional ajustada (EBIT) de 8 a 10%, um retorno ajustado do capital empregado antes dos impostos de 15 a 20% e um fluxo de caixa disponível ajustado superior a 2,5 mil milhões de euros por ano.
A Lufthansa também planeia adquirir mais de 230 novos aviões até 2030, incluindo 100 de longo curso, no que a companhia descreve como “a maior modernização da frota da sua história”.
O grupo aéreo continuou a registar uma queda nos lucros em 2024, ano marcado por greves e pela normalização dos preços do transporte aéreo após os aumentos pós-pandemia.
Agora, enfrenta uma nova ameaça de conflito social, com os pilotos a votarem na terça-feira sobre uma greve organizada pelo sindicato da sua profissão, Vereinigung Cockpit.