Absolutamente vergonhosa a atitude do relatador da CMTV, Pedro Carreira, apanhado em directo a beber um uísque com gelo no Benfica x Santa Clara 1-1, sem sequer oferecer um copito aos seus colegas…
O mais ridículo no meio disto tudo não é o André Ventura anunciar em directo da CMTV “José Cid como ministro da agricultura” do seu governo sombra, ou a CMTV replicar a ideia de que “José Cid virá a ser o ministro da agricultura do Governo Sombra do Chega”; o pior é, como cidadãos eleitores do nosso Absurdistão, já acharmos perfeitamente normal que o Chega venha convidar José Cid para a agricultura. Porque, “como o macaco gosta de banana, eu gosto de ti”.
Para que conste, o convidado a fazer parte do governo sombra do Chega foi o veterinário Jorge Cid, não o artista José Cid.
Como seria de esperar num país que já garantiu 32 entrevistas a André Ventura só em 2025, as televisões nacionais acorreram em peso ao anúncio do candidato do Chega à presidência da república. Mas, enquanto todos os canais estiveram lá com um operador de câmara, a CNN Portugal levou dois: um para apanhar Ventura de frente, outro posicionado à direita do candidato, para registar planos de corte que incluiriam as reacções dos apparatchik do Chega e todos os jornalistas presentes na ocasião “solene”. Foi uma verdadeira aula de semiótica: enquanto a comunicação social fez jornalismo, a CNN fez cinema. Enquanto a comunicação social faz reportagem, a CNN faz um presidente.
Para atenuar o efeito daqueles que dizem querer terraplanar a Cova da Moura, a SIC apresentou uma excelente reportagem, Mãe do Bairro, sobre uma senhora belga, de nome Lieve Meerschaert, que há mais de 40 anos está apoiar a comunidade da Cova da Moura, tendo criado a associação Moinho da Juventude e contribuido para que o bairro viesse a ter saneamento básico e uma biblioteca pública. “Vim para Portugal aprender a língua. O meu destino era o Brasil, mas depois percebi que Portugal tinha muitas coisas boas”. Tem sim, Lieve. E muitas delas vieram de outros países.
– Vais trabalhar hoje, Francisco?
– Acabaram de me chamar!
– Mas hoje é domingo, Francisco. Ainda estás com a roupa que levaste para a noitada de karaoké com os teus amigos ontem.
– Ninguém vai reparar!
Numa altura em que se aperta o cerco ao humor e à liberdade de expressão, é aproveitar todos os minutos de Isto é Gozar Com Quem Trabalha na SIC, mesmo que muitas vezes pareça desperdício uma equipa de oito humoristas de top apenas conseguir produzir rábulas que dependem do perfeito timing e imenso talento do RAP em interpretar o teleponto, comunicar com a audiência ao vivo, e manusear balões com hélio.
Mais uma novela de gémeos na TVI? Espero que seja finalmente a novela que os portugueses tanto esperavam, em que o gémeo José Fidalgo antes da operação ao nariz rivaliza com o gémeo José Fidalgo depois da operação ao nariz. Uma intriga cirúrgica, sem dúvida.
A TVI acertou na aposta de estrear Ora Bolas aos sábados à noite, trata-se de um concurso familiar que não se leva demasiado a sério, com uma Maria Cerqueira Gomes em velocidade de cruzeiro, concorrentes que estão ali para se divertir, e uma equipa de criativos que não sabe como se escreve “evangelho”.
Eles:
“Faço ginásio”
“Cortei o cabelo ao CR7”
“Gosto de ler, treinar, praticar dicção de manhã”
“Quero reformar-me aos 40”
“Quero chegar a casa e ter a comida feita e roupa lavada”
“Sou teimoso, mas para teimar são preciosas duas pessoas”
“Sou único”
Elas
“Faço fitness”
“Sou técnica de unhas”
“Quero ser apresentadora”
“Tenho personalidade forte”
“Sou a minha versão apocalíptica”
“Sou única”
Começou o Secret Story.
Saudades de voltar a escrever sobre cenas intelectuais da cultura nacional que refletem o verdadeiro talento artístico deste país…
O Now, que é uma espécie de CMTV com fato e gravata, alegou e escreveu que “Charlie Kirk quis colonizar Portugal em 2014”. O Now não explicou, não contextualizou, não desenvolveu, largou assim a bomba e seguiu para outras notícias. Na verdade, o tweet Let’s Colonize Portugal foi publicado por Charlie Kirk depois do golo de Portugal contra os EUA no Mundial do Brasil em 2014. Longe de mim defender Kirk, eu sou é a favor da verdade desportiva.
Sexta de manhã, a RTP3 dedica a emissão ao regresso às aulas, a repórter Lígia Sousa faz o directo da escola Pedro Santarém em Benfica, em estúdio a pivot Carla Trafaria recebe a convidada Cristina Mota, que, ao engano, aproveita para falar sobre os problemas das escolas “em Santarém”, a pivot percebe que há um erro de interpretação por parte da convidada mas nunca a interrompe, entretanto a conversa desenvolve para um território comum em que “Santarém” é irrelevante ser em Santarém ou Benfica, Carla Trafaria soube contornar o problema sem interromper ou humilhar a convidada que, em estúdio, terá sido induzida em erro pelo nome das escolas, fazer televisão também é isto, não é só debitar notícias, alinhar manchetes, ler teleponto, é saber receber.