Futuro da indústria europeia de componentes para automóveis está em jogo. A CLEPA alerta que centenas de milhares de empregos correm perigo.

Pinças de travão na linha de montagem

© André Mendes / Razão Automóvel

“A transição para a neutralidade climática só terá sucesso se a Europa preservar as competências, tecnologias e a base de produção que a tornam possível”, pode ler-se num novo documento partilhado pela CLEPA (Associação Europeia de Fornecedores de Automóveis).

O tempo continua a passar, mas a União Europeia (UE) ainda não tomou medidas concretas para apoiar os fornecedores europeus, que exigem regras capazes de garantir que os automóveis produzidos no Velho Continente utilizem uma quota significativa de componentes de origem europeia.

© André Mendes / Razão Automóvel Os fornecedores de automóveis europeus respondem por 75% do valor total de um carro, sustentam 1,7 milhões de empregos e realizam 45 mil milhões de euros de investimento anual.

Nos últimos meses, a associação europeia fez vários apelos ao bloco, alertando que a indústria automóvel corre o risco de perder mais de 350 mil empregos até ao final da década.

“O valor local está em risco. Sem ajuda urgente, estão em risco 350 mil postos de trabalho até 2030.”

CLEPA

Entre as causas apontadas estão os custos estruturais elevados e a ausência de políticas industriais competitivas face à concorrência da China e dos EUA.

“Hoje, até 75% do valor dos componentes dos carros produzidos no bloco vem da Europa, mas isso está a mudar rapidamente”, diz a associação. “Os concorrentes nos EUA, na China e noutros países beneficiam de custos de conformidade mais baixos e de um apoio político mais sólido”.

Medidas específicas

No centro das propostas da CLEPA está a “política de conteúdo local”, que estabelece uma quota mínima de componentes produzidos na Europa. A associação pede à UE que fixe um limite de 70% a 75% de componentes europeus nos veículos produzidos no continente — excluindo baterias — para garantir que os automóveis vendidos como “Made in Europe” efetivamente geram valor dentro da União Europeia.

O conceito seria reforçado por metas específicas para tecnologias críticas, como sistemas de transmissão e chassis para veículos elétricos, componentes eletrónicos e soluções de assistência à condução, assegurando que a Europa preserva know-how estratégico e capacidades industriais.

A formalização desta definição no Industrial Accelerator Act — proposta legislativa da Comissão Europeia que visa acelerar o processo de descarbonização das indústrias europeias — é essencial para criar segurança jurídica, alinhar políticas públicas, incentivos e compras governamentais com a proteção da competitividade europeia face à concorrência internacional.

Outras propostas

Além da política de conteúdo europeu, a CLEPA propõe medidas para fortalecer a indústria automóvel na Europa: reduzir custos de energia, mão de obra e burocracia; facilitar o acesso a mercados; incentivar frotas públicas e empresas a comprarem carros com maior valor europeu e a combater a concorrência desleal sem recorrer a tarifas.

“Os fornecedores de automóveis estão prontos para investir e inovar, mas precisam de um quadro de políticas que permita à Europa não só competir, mas também liderar”, lê-se.

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