“Estas candidaturas que nós aqui temos não são dos que ficam a olhar e observar o renascimento de núcleos de barracas. Não há que ter problemas de falar nas palavras como elas são: de barracas, de bairros de lata”, disse Montenegro num almoço com todos os autarcas do distrito de Lisboa.
O líder do PSD salientou que este tipo de habitação tinha sido “erradicada por um governo com a mesma inspiração ideológica”, referindo-se aos executivos liderados por Cavaco Silva, e acrescentou que têm ressurgido “devagarinho” sobretudo em câmaras governadas pelo PS e pelo partido comunista.
“Voltaram devagarinho, aqui e ali, nesta margem e naquela do lado lá, a ressurgir, sobretudo – tem que se dizer também – em câmaras governadas pelo Partido Socialista e pelo Partido Comunista. É muito curioso observar que este novo movimento de ressurgimento de bairros de lata e de barracas aconteceu em municípios geridos pelo Partido Socialista e pelo Partido Comunista”, acusou.
Carneiro acusa Montenegro de “grande desumanidade”
Em resposta a Montenegro, o líder do PS disse que as palavras do primeiro-ministro revelam uma ” grande desumanidade” e desafiou Montenegro a pedir explicações ao Ministério das Infraestruturas, uma vez que a construção de barracas está acontecer em terrenos do Estado.
“Entendi ser uma declaração, como aliás já é costume, de uma grande desumanidade, porque o doutor Luís Montenegro devia saber que as pessoas que saíram de Lisboa, muitas delas por falta de resposta habitacional, por falta de condições de vida, aumentou o número de sem-abrigo e muitos procuraram nas periferias de Lisboa a resposta, que é uma resposta com muita indignidade”, respondeu José Luís Carneiro aos jornalistas no final da primeira ação de campanha no dia, em Faro.
Na opinião do secretário-geral do PS, esta situação deveria “interpelar o primeiro-ministro do país para responder aos cidadãos sobre aquilo que está a fazer para responder à habitação”.
“Já agora faço uma pergunta que gostava que o doutor Luís Montenegro pudesse responder: o doutor Luís Montenegro, por acaso, tem consciência de que uma parte onde mais barracas estão a nascer é dentro dos terrenos do Estado e do Instituto de Habitação”, questionou.
Segundo Carneiro, se o primeiro-ministro não tem conhecimento desta situação “deve visitar e deve perguntar” o que está o Ministério das Infraestruturas “a fazer para responder a um problema grave do ponto de vista social”.
Montenegro voltou a fazer a defesa das recentes medidas do Governo na área da habitação, salientando que os apoios fiscais à construção para arrendamento cobrem rendas “a partir de 400 euros” e até 2.300 euros e referiu que em muitos concelhos do distrito de Lisboa muitos não conseguem pagar as rendas elevadas que aí se praticam.
“Nós estamos a falar muitas vezes daqueles que depois reclamamos para os nossos serviços. Sim, estamos a falar de polícias, sim, estamos a falar de professores, sim, estamos a falar de médicos, sim, estamos a falar de enfermeiros”, exemplificou, considerando que se estes profissionais não conseguirem habitação nos grandes centros, depois não se poderão exigir serviços públicos com “rapidez e eficiência”.
“Eu quero que o país perceba que nós estamos a agir de A a Z para haver precisamente esta garantia de eficácia, esta garantia de eficiência em todos os contextos territoriais do país”, afirmou, apelando aos autarcas para ajudarem nesta tarefa de explicar as medidas do Governo.
(com Lusa)