Lorne Thomson/Getty Images
Olivia Dean é a primeira mulher a ter três singles simultâneos no Top 10 do Reino Unido desde Adele, em 2021
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Aos 26 anos, a cantora e compositora britânica Olivia Dean vive o momento mais marcantes de sua carreira. Na última sexta-feira (26), lançou seu segundo álbum de estúdio, “The Art of Loving”, com 12 faixas. Entre elas, o hit “Man I Need”, que acumula mais de 115 milhões de streams e alcançou o top 40 da Billboard Hot 100.
Em menos de 24 horas, a canção ultrapassou 4,8 milhões de streams no Spotify e, na segunda-feira (29), alcançou o Top 4 global da plataforma. Também se consolidou como a música britânica de maior sucesso no Spotify mundial em 2025.
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Quem é Olivia Dean
Com baladas neo-soul sobre amor e desilusão, Olivia Dean ganhou notoriedade global em 2023 com seu álbum de estreia, “Messy“, que alcançou o 4º lugar nas paradas do Reino Unido. A obra rendeu uma indicação ao Mercury Prize, prêmio anual de música concedido ao melhor álbum do Reino Unido e Irlanda, e três ao Brit Awards, o Grammy britânico. No mesmo ano, a cantora entrou para a lista Forbes Under 30 da Europa.
Primeira mulher britânica a emplacar três singles no top 10 do Reino Unido desde Adele, Dean começou a carreira como vocalista de apoio da banda britânica Rudimental, antes de assinar com a EMI Records em 2019. Ela entrou pela primeira vez nas paradas do Reino Unido em 2021 com sua versão de “The Christmas Song”, de Nat King Cole — no mesmo ano em que a Amazon Music a nomeou como “Artista Revelação”.
Desde então, já marcou presença em festivais como Glastonbury e Montreux Jazz Festival e assumiu o papel de embaixadora da Chanel. Agora, a artista se prepara para a maior turnê de sua carreira, que inclui quatro noites esgotadas na The O2, a maior arena coberta do Reino Unido, com capacidade para 20 mil pessoas.
Em 2023, a artista concedeu uma entrevista a Steve Baltin, colaborador da Forbes US, para falar sobre o lançamento do seu álbum de estreia.
Confira os destaques da entrevista com Olivia Dean
Forbes: Como foi o processo de encontrar a sua própria voz?
Olivia Dean: É um pouco difícil ter perspectiva sobre mim mesma às vezes, porque sou a única pessoa que não consegue sequer ouvir minha própria música. Isso é o que acho mais louco: quando escuto minhas músicas, parece que estou fazendo karaokê, não soa como música de verdade para mim [risos]. Então, eu nunca realmente consigo ouvir.
Acho que sempre tive uma teimosia inabalável, mas também uma mente meio delirante que dizia: “Sou cantora.” Desde os oito anos, já pensava: “É isso que eu devo fazer.” Sinceramente, nunca me imaginei fazendo outra coisa. Tive muita sorte. A sorte conta, mas também tive uma visão muito focada em música, escrever, tocar piano e guitarra e cantar desde os 15 anos.
Como foi fazer carreira na indústria da música como mulher?
Ser mulher nessa indústria e crescer dentro dela teve altos e baixos. Mas, de novo, tive sorte. Conheci minha empresária quando tinha 17 anos e ela é uma mulher jovem, não muito mais velha do que eu. Nós temos uma espécie de mente coletiva, somos completamente transparentes uma com a outra.
Tenho muitas mulheres na minha equipe, e isso é um prazer — o trabalho flui de forma muito natural. Todas nós vamos juntas a aulas de ioga. Eu trabalho bem com mulheres, por isso tento contratá-las sempre que posso. Trabalho com diretoras de videoclipes, porque sinto que minha música é pelo olhar feminino, mesmo sendo, claro, para todo mundo. Então, por que não traduzir isso visualmente também através dessa lente?
Qual conselho você daria para mulheres navegando nessa indústria?
Meu conselho seria: cerque-se de pessoas que façam você se sentir confortável. Como artista, tente lembrar que você está no topo da pirâmide, mesmo que às vezes pareça que trabalha para a gravadora e para todo mundo, e que deveria apenas dizer sim a tudo e agradar, porque se sente sortuda. Mas, às vezes, é preciso dizer não. O “não” é muito poderoso e, às vezes, muito difícil de dizer.
Como funciona seu processo criativo?
Uma forma simples de responder é tentar estar muito presente na vida em geral. Às vezes, sinto que sou como uma peneira, e o mundo entra e penso: “Isso vai virar uma música.” Às vezes é chato encarar a vida assim, porque me pergunto: “Será que nunca guardo nada só para mim?” Mas sinto que preciso transformar em música, canalizar, devolver, canalizar de novo e devolver outra vez.
Você tem algum ritual para escrever suas músicas?
Acho que é simplesmente estar presente e ouvir muito as pessoas. Eu gosto das pequenas coisas e consigo reconhecê-las. Acho que é isso que mais conecta com as pessoas: a especificidade, se é que faz sentido. Mesmo sendo algo específico para mim, as pessoas acreditam na especificidade porque você está sendo verdadeiro. Diga o nome do bar em que você estava quando aquilo aconteceu, ou a rua em que você estava. Torne real, porque senão qual é o sentido?
Talvez eu seja bastante existencial, mas às vezes penso: “A música que estou lançando agora, meus tataranetos vão ouvir.” E vão pensar: “O que a Olivia sentia quando tinha essa idade?” Se eu inventar, seria um desserviço à história, porque você é uma cápsula do tempo. É seu papel registrar e deixar para quem virá depois.
Tem alguma música que parece falar diretamente com você?
“A Case Of You”, da Joni Mitchell. Quero que alguém escreva sobre mim assim, seria maravilhoso. Também amava “Diamonds on the Soles of Her Shoes” de Paul Simon quando descobri seu trabalho aos 16 anos. Lembro de pensar: “Isso é tão estranho. Sobre o que ele está cantando? Quero saber” [risos]. Quero que alguém diga que eu ando por aí como se tivesse diamantes na sola dos sapatos.
E amo tanto a Carole King e “You Make Me Feel Like A Natural Woman”. Diria essas, e também qualquer uma da banda Talking Heads. Amo o jeito como David Byrne escreve.
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