“Estamos em alerta máximo”, anunciou a flotilha, na plataforma de mensagens Telegram, à 1h03 (hora de Lisboa).
“Entrámos na zona de risco elevado, a área onde as flotilhas anteriores foram atacadas ou intercetadas. Mantenham-se em alerta“, acrescentou.
A flotilha também reportou um “aumento da atividade de drones” a sobrevoar as embarcações.
A Flotilha Global Sumud, composta por mais de 40 barcos civis com mais de 500 pessoas, incluindo parlamentares, advogados e a ativista climática sueca Greta Thunberg, pretende quebrar o bloqueio israelita ao enclave palestiniano.
A bordo estão também três portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.Israel não permitirá entrada nas águas de Gaza
A Marinha israelita já disse estar pronta para intercetar a Flotilha Global Sumud.
Fontes militares indicaram à estação pública israelita Kan que a Marinha israelita planeia transferir os ativistas para um grande navio militar e rebocar as embarcações para o porto de Ashdod, com a possibilidade de algumas serem afundadas no mar.
Segundo as mesmas fontes, a operação contará com a participação da unidade especial “Shayetet 13”, encarregada de assumir o controlo das embarcações que integram a flotilha humanitária em alto mar, dentro da área de interceção do exército israelita.
Israel tem reiterado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o bloqueio imposto ao enclave palestiniano. Missão humanitária não vai parar
Durante o dia de terça-feira, responsáveis da Flotilha Global Sumud garantiram que a missão humanitária não iria parar, apesar dos apelos.
A reação dos responsáveis pela flotilha surgiu depois de Itália ter revelado que vai deixar de rastear as embarcações quando estiveram a 150 milhas náuticas (278 quilómetros) da costa de Gaza.
A Itália instou os membros da flotilha a aceitarem uma proposta de compromisso para lançar ajuda num porto cipriota e evitar um confronto com as forças israelitas. Os representantes da flotilha recusaram repetidamente a oferta.
“Voltamos a dizer: a flotilha segue em frente. A Marinha italiana não irá perturbar esta missão. A exigência humanitária para romper o bloqueio não pode ser devolvida ao porto”, afirmou a Global Sumud Flotilla em comunicado.
Itália e Espanha mobilizaram navios navais na semana passada para auxiliar a flotilha, depois de esta ter sido atingida por drones armados com granadas de atordoamento e substâncias irritantes em águas internacionais da Grécia, mas sem qualquer intenção de envolvimento militar. Três portugueses a bordo
O Governo português reiterou na terça-feira o apelo aos ativistas portugueses a bordo da flotilha para que se mantenham em águas internacionais, alertando para “riscos muito sérios”.
“Dada a informação disponível sobre a localização atual da flotilha, fazemos um novo apelo a que não deixem as águas internacionais; sair desse espaço comporta riscos muito sérios de que estarão decerto cientes”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, à atriz Sofia Aparício e ao ativista Miguel Duarte.
Na mensagem, a que a agência Lusa teve acesso, o chefe da diplomacia portuguesa recorda que as fragatas italianas que se disponibilizam para prestar ajuda consular e humanitária não sairão das águas internacionais.
“Sem pôr em causa o respeito pela autonomia individual, deixamos este novo apelo e recordamos que há disponibilidade efetiva para fazer chegar a ajuda humanitária que transportam a Gaza através de Chipre”, insistiu o Governo.
Na mesma mensagem, Rangel refere que as autoridades italianas “têm reiterado este pedido para que não se deixe esse domínio marítimo internacional”.
“A proteção que nos asseguraram só pode ser dada nesse espaço”, sublinhou.
A Flotilha Global Sumud é considerada a maior flotilha humanitária organizada até ao momento.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
c/ agências