Os líderes europeus estão reunidos, esta quarta-feira, para discutir a
ajuda a Kiev, mas também para avançar no desenvolvimento da “Europa da
Defesa”.  Segundo o presidente francês é necessário aumentar as capacidades de dissuasão da Europa: “é preciso dissuadir com capacidades de tiro de longo alcance, capacidades balísticas europeias e mais sistemas de defesa solar e anti-drones”.

Face aos sucessivos ataques da Rússia e, em particular, a violação do espaço aéreo de vários países como a Dinamarca, Polónia ou Estónia, o presidente francês defende que a resposta europeia deve ser operacional. “Não devemos mostrar qualquer fraqueza e é preciso reiterar que
qualquer pessoa que viole o espaço aéreo europeu está sujeita a
represálias, porque é nosso direito”, sublinhou Macron. 


A Rússia é “há vários anos, um interveniente muito agressivo no nosso espaço informativo, nomeadamente no âmbito das
eleições, que multiplica os ciberataques, que lançou uma guerra de
agressão na Ucrânia, que utiliza a ameaça nuclear e que hoje provoca em
espaços aéreos”
, explicou Macron, em declarações aos jornalistas.


“Nada está excluído”

Em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, o presidente francês afirmou que nada pode ser “excluído” em termos de resposta se um avião russo violar novamente o espaço aéreo: “De acordo com a doutrina da ambiguidade estratégica, posso dizer que nada está excluído”, afirmou.
“Estamos a preparar-nos. Mas, durante muito tempo, subestimámos a Rússia. (…) Estamos permanentemente em confronto. Além do terrorismo, a Rússia é a maior ameaça estrutural para os europeus.”, afirmou.

Nesta entrevista, Emmanuel Macron anunciou estar a trabalhar na “atualização” da doutrina nuclear e que fará no início de 2026 um discurso “sobre a doutrina nuclear” francesa, cujo o país é o único na Europa, juntamente com o Reino Unido, a possuir a bomba atómica. 

“Estou atualmente a trabalhar na atualização da nossa doutrina e desejo continuar a aprofundar o nosso diálogo estratégico com os europeus que o desejarem. De qualquer forma, existe uma dimensão europeia desde 1962”, afirmou o chefe de Estado.