Na sequência de um alerta da Marinha Nacional Francesa, a justiça abriu uma investigação por “falta de justificação da nacionalidade do navio/pavilhão” e “recusa de cooperar”, indicou o procurador de Brest, Stéphane Kellenberger.
“Foram cometidas faltas muito graves por esta tripulação, que justificam, aliás, que o processo seja hoje judicializado”, reagiu o presidente francês, sem dar mais detalhes, à margem de uma cimeira europeia em Copenhaga.
Durante a tarde militares do exército francês estiveram a bordo do petroleiro que está imobilizado ao largo de Saint-Nazaire, na região da Loire-Atlantique, há alguns dias.
Um navio da frota fantasma russa
O navio de 244 metros de comprimento, com bandeira do Benim e batizado “Pushpa ou “Boracay”, é alvo de sanções europeias por pertencer à chamada “frota fantasma russa”, utilizada por Moscovo para transportar o seu petróleo, contornando as sanções ocidentais.
A frota fantasma russa “representa dezenas de milhares de milhões de euros para o
orçamento da Rússia. Segundo as nossas estimativas, financia 40% do
esforço de guerra russo. Há entre 600 e 1000 navios que circulam assim e
permitem que os hidrocarbonetos russos sejam transportados, mesmo
quando são proibidos”, afirmou Macron.
Além da União Europeia, o petroleiro está sob sanções da Suíça, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia, de acordo com o site da Open Sanctions.
Construído em 2007, o petroleiro suspeito mudou de nome e de pavilhão várias vezes, e esteve alternadamente registado no Gabão, nas Ilhas Marshall e na Mongólia, de acordo com a mesma fonte.
Possível ligação com o sobrevoo de drones na Dinamarca?
Além de contornar as sanções relativas ao transporte de hidrocarbonetos, o petroleiro é suspeito de estar envolvido no recente sobrevoo de drones na Dinamarca, de acordo com o site especializado The Maritime Executive. O navio pode ter servido como “plataforma de lançamento (dos drones)” ou “isca”, observa o Maritime Executive.
Questionado sobre esta possibilidade, o presidente francês apelou “à grande prudência”.
Recorde-se que esta incursão teve como consequência a perturbação do tráfego aéreo dinamarquês e que o incidente não foi oficialmente atribuído a Moscovo, apesar da forte suspeita.
“Situação mais difícil e perigosa desde a Segunda Guerra Mundial”
A anfitriã da Cimeira e primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, alertou que a Europa está “na situação mais difícil e perigosa desde a Segunda Guerra Mundial”, dizendo que é pior do que durante a Guerra Fria. “Acho que é grave. Acho que a guerra na Ucrânia é muito grave. Quando olho para a Europa hoje, acho que estamos na situação mais difícil e perigosa desde o fim da Segunda Guerra Mundial — não da Guerra Fria”.
Questionada sobre as incursões de drones, Mette Frederiksen afirma que é a favor de abatê-los, salvaguardando que “isso tem de ser feito da maneira certa”.
c/agências