Phan J. Alan Elliott / US Navy / Wikipedia

Couraçado USS Iowa (BB-61). O último couraçado da Marinha dos EUA foi desativado em março de 1992, há mais de 30 anos

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou estar a considerar o regresso dos couraçados à Marinha norte-americana. Estes poderosos navios de guerra foram retirados de serviço há décadas, muito depois de o tipo de combate naval para o qual tinham sido concebidos ter caído em desuso.

Os couraçados eram gigantes do mar, fortemente blindados e armados com poderosos canhões de convés, construídos para enfrentar outros navios de guerra em batalhas diretas.

Durante as duas Guerras Mundiais dominaram os oceanos, mas no final da Guerra Fria estavam já completamente obsoletos. O último couraçado da Marinha dos EUA foi desativado no início da década de 1990, tendo disparado os seus canhões em combate pela última vez durante a Guerra do Golfo.

Na manhã desta terça-feira, durante uma cimeira de alto nível com chefias militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, na Virgínia, o presidente dos EUA, Donald Trump, colocou em cima da mesa a possibilidade de trazer de volta à US Navy estas outrora formidáveis fortalezas flutuantes.

É algo que estamos realmente a considerar”, disse Trump, citado pelo Insider. “O conceito de couraçado, com laterais de aço maciço de 15 centímetros, nada de alumínio… o alumínio derrete-se só de olhar para um míssil a aproximar-se. Não, já não se fazem navios como aqueles.”

Cada couraçado estava equipado com canhões de 406 mm, capazes de disparar projéteis de quase uma tonelada, proporcionando uma potência de fogo avassaladora.

Trump recordou o USS Iowa (BB-61), primeiro couraçado da classe Iowa, bem como Victory at Sea, documentário de 1954 sobre a II Guerra Mundial. O Iowa foi comissionado em 1943 e desativado em 1990, tendo estado na Frota de Reserva até 2011. Em 2012 foi convertido em museu, estando ancorado em Los Angeles.

“Olho para estes navios, acompanhados pelos seus contratorpedeiros, e penso: nada os conseguia travar”, disse Trump. “Alguns dirão que é tecnologia ultrapassada. Eu não sei, não acho ultrapassada quando vejo aqueles canhões”.

“As munições de artilharia são muito mais baratas do que os mísseis”, salientou ainda Donald Trump.

Os Estados Unidos deixaram de construir couraçados após a Segunda Guerra Mundial e, já no início da Guerra Fria, passaram a apostar em navios equipados com sistemas de lançamento de mísseis capazes de atingir alvos a centenas de quilómetros de distância.

Alguns dos couraçados existentes foram reativados temporariamente para missões de bombardeamento costeiro, ou adaptados para receber armamento moderno. Ainda assim, a última batalha naval decidida por fogo de artilharia teve lugar na Segunda Guerra Mundial.

Com os avanços na guerra naval trazidos pelos porta-aviões, submarinos e mísseis de longo alcance — mais eficazes, versáteis e letais — os couraçados tornaram-se rapidamente obsoletos. Além dos custos elevados e de tripulações numerosas, a estratégia naval moderna deixou de contemplar navios de grande calibre.

Atualmente, os oito couraçados que restam nos EUA encontram-se desativados e servem como navios-museu em várias cidades.

Perante cenários de conflito futuro, como uma eventual guerra com a China, os responsáveis militares norte-americanos consideram que as forças navais estarão sobretudo sob intenso fogo de mísseis e expostas a novas ameaças de superfície e submarinas.

Nesses contextos, defendem que a sobrevivência depende sobretudo de sistemas avançados de defesa contra mísseis e drones — algo para o qual os couraçados, pelo menos no seu desenho original, não oferecem resposta eficaz.

Na verdade, segundo consideram os analistas militares, este tipo de sistema já tornou obsoletos os navios que tornaram obsoletos os couraçados: segundo afirma o Pentágono, os mais recentes mísseis hipersónicos da China podem destruir todos os porta-aviões dos EUA em apenas 20 minutos.


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