JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
O presidente do Partido Social Democrata (PSD) Luís Montenegro, acompanhado pela candidato à autarquia da Amadora, Suzana Garcia (D), e pelo eurodeputado Sebastião Bugalho (C)
“É preciso polémica”. Primeiro-ministro elogiou “ousadia” da candidata à Câmara da Amadora, que promete erradicar as barracas e bairros de lata. E são os imigrantes “os maiores defensores” da política do Governo.
Luís Montenegro regressou esta segunda-feira à campanha para as eleições autárquicas marcadas para 12 de outubro. Esteve em Almada e não falhou na Amadora, dois municípios governados pelo Partido Socialista (PS).
O líder social-democrata mostrou-se confiante num bom resultado e destacou Suzana Garcia, candidata à Câmara da Amadora, como uma escolha “ousada” e capaz de dar conta do PS.
“Aquilo que a Amadora precisa é de quem resolva. Que às vezes tenha até um picante, sim, alguma polémica, até eventualmente tenha alguma discordância de posição, mesmo com aqueles que são os mais próximos. Nós precisamos de pessoas com ousadia”, disse Montenegro, citado pela Renascença, num comício ao ar livre, na Damaia.
“Provoca uma discussão, porque é da discussão que muitas vezes nascem as boas soluções”, concluiu o primeiro-ministro.
Suzana Garcia, que já tinha concorrido em 2021, até interrompeu o líder do Governo para voltou a insistir na sua promessa de erradicar a Cova da Moura e as barracas de todo o concelho da Amadora. Também quer criar uma superesquadra da PSP e reforçar a videovigilância.
A candidata, apoiada por uma coligação que integra PSD, CDS-PP, MPT, PPM e RIR, foi aplaudida ao afirmar que a valorização da multiculturalidade não deve significar a perda da identidade cultural portuguesa. “Iremos apoiar todas as pessoas, mas em primeiro lugar, nós próprios”, salientou, no entanto.
A seu lado, Montenegro disse acreditar que são os imigrantes “os maiores defensores” da política do Governo, que esta terça-feira conseguiu ver aprovada a nova versão da Lei de Estrangeiros, com os votos favoráveis do PSD, CDS-PP, Chega, IL e JPP, e votos contra do PS, Livre, PCP, BE e PAN.
Esta terça-feira, num almoço com todos os autarcas do distrito de Lisboa — a que só faltaram os independentes Isaltino Morais (Oeiras) e Sérgio Galvão (Torres Vedras) — Montenegro voltou a tocar no assunto, dizendo que barracas e bairros de lata têm ressurgido em Lisboa em autarquias socialistas e comunistas.
“Estas candidaturas que nós aqui temos não são dos que ficam a olhar e observar o renascimento de núcleos de barracas. Não há que ter problemas de falar nas palavras como elas são: de barracas, de bairros de lata”, afirmou.
“Voltaram devagarinho, aqui e ali, nesta margem e naquela do lado lá, a ressurgir, sobretudo, tem que se dizer também, em câmaras governadas pelo Partido Socialista e pelo Partido Comunista. É muito curioso observar que este novo movimento de ressurgimento de bairros de lata e de barracas aconteceu em municípios geridos pelo Partido Socialista e pelo Partido Comunista”, acusou ainda o primeiro-ministro sobre um tipo de habitação que, acredita, tinha sido “erradicada por um governo com a mesma inspiração ideológica”, referindo-se aos executivos liderados por Cavaco Silva.