Miguel Gonçalves Mendes passou dez anos a realizar o projeto “O Sentido da Vida”, que será lançado em dez filmes diferentes, além de uma série. O realizador português acompanhou Giovane Brisotto, um jovem brasileiro portador de paramiloidose familiar (vulgarmente conhecida como doença dos pezinhos), doença que foi espalhada pelo mundo durante o período colonial português. Agora, com o projeto quase finalizado, revela ao Expresso o que aprendeu ao longo desta jornada.

Qual a razão deste título, “O Sentido da Vida”?
Às vezes, as coisas começam de forma engraçada. Eu não ligo muito às críticas, mas houve um crítico que eu esperava que falasse muito mal sobre o “José e Pilar” e falou muito bem do filme, perguntando-me para onde eu iria a seguir. Fiquei com essa pergunta na cabeça. E então criei esta ideia megalómana de ter várias personagens, várias histórias que confluíssem numa linha narrativa sobre o sentido da vida, que nos fizesse pensar na nossa posição neste mundo, sobretudo nesta fase tão esquizofrénica que estamos a viver. Portanto, desde o início, o filme procurou ser uma espécie de cápsula do tempo, dos últimos dez anos que vivemos, [questionando] como é que chegámos até aqui e dando pistas de como podemos mudar o nosso pequeno mundo. Quanto ao sentido da vida: podemos falar sobre o medo da morte, e o medo da morte é transversal a toda a gente, mas se não pusermos isso de lado, porque simplesmente não tem solução, sejamos ou não crentes, o que fica é: porque estamos aqui? Este talvez tenha sido o projeto de que mais me arrependo e mais me orgulho ao mesmo tempo, porque foram 10 anos de filmagens de oito personagens distintos para construir uma história em que todos se cruzam, sem se conhecerem, e na qual vamos perceber que aqueles que consideramos nossos heróis são tão frágeis como nós.

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