Guinness World Records
Maria Branyas Morera
Os cientistas estudaram a genética e fatores de estilo de vida que permitiram a María Branyas Morera – oficialmente a pessoa mais velha do mundo até morrer no ano passado – atingir 117 anos. Tinha um microbioma jovem e um “genoma excecional, associados a vida útil aumentada noutras espécies”.
Entre 17 de Janeiro de 2023 e 19 de Agosto de 2024, María Branyas Morera, de Espanha, foi oficialmente a pessoa mais velha do mundo, até morrer com 117 anos e 168 dias.
Para descobrir os segredos da sua extraordinária longevidade, uma equipa de investigadores fez uma análise aprofundada da sua genética, microbioma e estilo de vida.
Quando Morera tinha 116 anos, a equipa recolheu amostras do seu sangue, saliva e fezes, para analisar a sua genética.
À New Scientist, Manel Esteller, do Instituto de Investigação da Leucemia Josep Carreras, em Barcelona, e que fez parte da investigação, explicou que Morera “tinha um genoma excecional enriquecido em variantes em genes que estão associados a vida útil aumentada noutras espécies, como cães, vermes e moscas”.
Morera, que não mostrava sinais de demência, tinha também muitas variantes genéticas que mantêm os níveis de lípidos no sangue baixos, protegendo o coração e a cognição.
De acordo com os investigadores, resultados de análises sanguíneas revelaram que o metabolismo lipídico estava entre os mais eficientes alguma vez reportados. “O seu perfil lipídico era espantoso, com colesterol muito baixo”, disse Esteller
“Ao mesmo tempo, ela estava desprovida de variantes genéticas associadas ao risco de patologias como cancro, Alzheimer e distúrbios metabólicos”, acrescentou.
Morera não bebia álcool nem fumava, e seguia uma dieta mediterrânica, composta por muitos vegetais, frutas, leguminosas e azeite. Comia também três porções de iogurte simples, sem açúcar, todos os dias.
Como detalha a New Scientist, os testes da equipa sugerem também que Morera manteve um sistema imunitário eficiente até à velhice e um microbioma intestinal característico de uma pessoa muito mais jovem.
Uma das descobertas mais surpreendentes foi o nível elevado de bactérias Actinobacteriota no seu intestino, incluindo o famoso probiótico Bifidobacterium. Isto tipicamente declina com a idade, mas está elevado em centenários, e pensa-se que tem múltiplos benefícios anti-envelhecimento, como reduzir inflamação.
A equipa suspeita que o consumo de iogurte ajudava a reabastecer continuamente os níveis de Bifidobacterium.
O estudo publicado na semana passada na Cell Reports Medicine explica a longevidade de María Branyas Morera com uma “combinação de bons genes mais os outros fatores: microbioma benéfico, idade biológica abrandada mostrada por um epigenoma mais jovem e um sistema imunitário eficiente, mais a parte comportamental – não fumar, não beber álcool, dieta pobre em gordura, etc.”