Apesar de andar visivelmente subnutrido e vestindo roupa do pai conhecido por ser toxicodependente, os vizinhos da habitação que o homem ocupava ilegalmente não desconfiavam do crime. Outros nunca chegaram sequer a ver a criança, mas aqueles que conviveram com ela garantiram à reportagem do JN que não viam o filho maltratado.

“Ele ia ao café e ele dava-lhe de comer, mas nunca suspeitei de nada”, notou um popular, enquanto outro explica que o pai garantia nas redondezas que o filho estava escolarizado e que tinha acabado de entrar no 5º ano.

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Pelo que apurámos, em julho, o pai levava o filho a almoçar num restaurante próximo do casebre, mas já há várias semanas que deixaram de lá ir. Tudo indica que o pai tivesse ficado sem dinheiro para pagar as refeições. Passou a frequentar um café, onde alimentava o filho com sacos de batatas fritas.

Recorde-se que a PJ de Braga localizou a criança na segunda-feira, em cumprimento de uma ordem judicial emitida pelo Tribunal Família e Menores de Guimarães.

“O menor e o pai estavam, desde julho, em paradeiro desconhecido, havendo claros indicadores de que o progenitor tentava ocultar a localização do menor. Nesse sentido, cessou a sua presença online e desligou o telemóvel, não mantendo também quaisquer contactos com os seus familiares mais próximos”, adiantou a PJ.

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Apesar do que garantia o pai aos vizinhos do casebre, a criança não compareceu às aulas no início do ano letivo e a PJ intensificou diligências na zona de Delães, onde o pai já tinha vivido.

“O menor foi encontrado com o pai, em condições manifestamente insalubres, envergando vestuário pertencente ao progenitor. Apresentava múltiplas lesões compatíveis com picadas dispersas em várias zonas do corpo e evidenciava não ter tido qualquer cuidado de higiene, há muito tempo”, explicou ainda a PJ que sublinhou o facto de não existir qualquer tipo de comida no casebre.

O menor foi entregue à mãe, enquanto o pai foi formalmente identificado pelas autoridades.