Admito que não gosto de despedidas, mas vou abrir uma excepção para este Aston Martin DBX S. Brindemos com gasolina.
Aston Martin DBX S
Primeiras impressões
7.5/10
Data de comercialização: Dezembro 2025
A despedida do motor V8 pode acontecer com este Aston Martin DBX S.
Prós
- Imagem
- Comportamento
- Som do escape
- Resposta do motor
Contras
- Menus do infotainment
- Peso
- Consumos
Maiorca foi o palco escolhido para um momento irrepetível: o primeiro contacto com o Aston Martin DBX S. Um SUV que não é apenas o mais potente da marca. A marca britânica apresenta-o como o modelo mais extremo da família DBX e como o último equipado exclusivamente com motor a combustão.
Depois deste, a marca garante que não há mais nenhum. Por isso a Aston Martin quis despedir-se da combustão em grande estilo. E conseguiu. Neste DBX S, encontramos tudo o que de melhor a marca inglesa tem para oferecer.
Bem sei que é um SUV, mas não é um SUV qualquer. Neste vídeo, tento mostrar isso mesmo:
Valhalla no coração
O motor escolhido para este Aston Martin DBX S é o conhecido V8 4.0 litros biturbo de origem AMG. Mas como bem sabemos, nada sai de Gaydon, sede da marca, sem a intervenção direta da própria Aston Martin.
Apesar do motor ser de origem Mercedes-AMG, não é um acordo no qual a Aston Martin recebe qualquer motor, sem nada acrescentar ao processo. É o que me explica o responsável de produto da Aston Martin, ao lado do novo DBX S: “é fruto de uma relação de confiança que foi construída entre duas marcas, onde neste momento nós temos a liberdade de, por exemplo, colocar turbos específicos (do Valhalla) e de o fazer nas nossas instalações.”
Ao contrário do DBX707, neste DBX S os blocos V8 da Mercedes-AMG são fornecidos sem turbos e recebem compressores herdados do Valhalla, o supercarro que prepara a próxima geração da marca. O resultado são 727 cv e 900 Nm, mais 20 cv face ao DBX707. Números que permitem acelerar dos 0 a 100 km/h em 3,3s e alcançar os 310 km/h.
© Marcus Werner / Aston Martin O resultado foi um motor cheio de carácter que tem uma subida de rotação quase apoteótica, com um meio regime cheio de força.
Mas não é apenas mais potência. A curva de entrega foi redesenhada, mais linear, menos abrupta, mais afinada para prolongar a emoção até ao limite do conta-rotações. Efetivamente, o trabalho foi excelente.
A caixa automática de nove relações acompanha esta lógica, retardando as mudanças em modo desportivo para que o V8 possa respirar mais alto. Há algo de nobre nesta progressividade: uma força bruta polida.
Quanto a consumos, vai ter de ficar para outra oportunidade. Algo me diz que não foi a última vez que os nossos caminhos se cruzaram…
© Marcus Werner / Aston Martin É nos escapes empilhados verticalmente que reside o golpe de teatro. A disposição altera a propagação das ondas sonoras e cria um rugido mais encorpado.
Engenharia contra a física
Com 2198 kg, seria legítimo duvidar da sua agilidade. Mas a engenharia tratou de desafiar a lógica. Os diferenciais ativos podem enviar 100% da potência para o eixo traseiro ou repartir binário entre as rodas para maximizar a tração em curva. O sistema de barras estabilizadoras ativas (com sistemas de 48 V) limita o rolamento a apenas 1,5º, e a suspensão pneumática tripla alterna entre conforto absoluto e firmeza quase de supercarro.
© Marcus Werner / Aston Martin A forma como este DBX curva chega a ser desconcertante. Não é suposto um SUV fazer aquilo que este faz.
O feeling geral dos comandos também está em bom plano. A direção foi tornada 4% mais rápida face ao DBX707. Um número modesto no papel, mas que no volante se traduz numa resposta mais imediata, precisa, sem nervosismos artificiais. É neste equilíbrio entre peso e agilidade que o DBX S se afirma.
A arte de cortar peso
A Aston Martin não procurou apenas baixar o peso na balança e sim afinar o equilíbrio de todo o conjunto. O DBX S retira 47 kg face ao 707, mas fá-lo de forma cirúrgica: o teto em carbono (menos 18 kg no ponto mais alto), as jantes em magnésio de 23’’ (menos 19 kg de massa não suspensa) e a grelha em policarbonato (menos 3 kg na dianteira).
Para mim, a grande surpresa é o facto de as jantes e teto em carbono estarem apenas disponíveis como opcionais, o que significa que do ponto de vista da poupança de peso e estética, é possível ter um DBX com detalhes ainda mais ligeiros de diferenciação face a um DBX 707 e sem impacto dinâmico.
© Marcus Werner / Aston Martin A carroçaria recebeu detalhes novos — splitter, difusor, saias — para reduzir turbulência e garantir estabilidade em alta velocidade.
Não é um número final que impressiona, é a forma como foi conseguido: menos peso nas extremidades, mais massa concentrada no centro. Na estrada, traduz-se em estabilidade, maior rapidez de resposta e uma agilidade que contraria as dimensões.
O interior mantém a base do DBX707, mas com pormenores exclusivos: bancos com a sigla “S” e acabamentos específicos.
Os materiais continuam ótimos, a apresentação também e a qualidade geral é muito elevada. Além disso o habitáculo é espaçoso. O lugar do condutor pode ser o mais desejado, mas os restantes também são interessantes.
A grande estreia está na tecnologia, com o DBX S a ser o primeiro automóvel do mundo a usar o Apple CarPlay Ultra.
© Marcus Werner / Aston Martin No interior há poucas diferenças em relação ao DBX707. o destaque vai para os bancos desportivos com a sigla “S” gravada e a designação do modelo nas soleiras das portas.
Apple CarPlay Ultra é estreia mundial no DBX. Convence?
Disponível pela primeira vez num carro de produção, quando ativo o Apple CarPlay Ultra substitui não só o infoentretenimento, mas também o painel de instrumentos. Permite controlar funções do carro — desde as ajudas à condução até ao aquecimento dos bancos — numa integração mais profunda do que no CarPlay convencional.
Apesar de promissor, a experiência inicial deixou pontos a melhorar: os menus adicionais requerem habituação, a organização podia ser mais intuitiva e o painel de instrumentos torna-se demasiado genérico com o CarPlay ativo. Faltam diferenças visuais nos modos de condução e a posição do ecrã central continua demasiado baixa. Ainda assim, trata-se de um passo relevante para a integração digital, sobretudo para os fãs da Apple.
O canto do cisne do DBX puramente a combustão
Mas mais do que potência, ou integrações com smartphones, este é o último DBX puramente a combustão. O canto do cisne de um modelo que levou a Aston Martin a novos públicos e que agora se despede da era 100% gasolina, antes da inevitável transição para a eletrificação. O próximo DBX deverá ser um híbrido plug-in, em linha com o que aconteceu com os seus concorrentes e talvez mantenha o motor V8, mas nada está confirmado.
© Marcus Werner / Aston Martin
Os preços em Portugal arrancam a rondar os 325 mil euros, mas é só o início, num modelo que tem uma lista de opcionais e um programa de personalização de perder a cabeça… caso a carteira permita, claro.
Aston Martin DBX S
Primeiras impressões
7.5/10
O Aston Martin DBX S é o SUV mais emocionante que a marca já fez. Cada detalhe técnico tem impacto real: os turbos do Valhalla, a direção mais rápida, o teto em carbono, as jantes em magnésio e os escapes verticais que ressoam como um hino de despedida.
Data de comercialização: Dezembro 2025
Prós
- Imagem
- Comportamento
- Som do escape
- Resposta do motor
Contras
- Menus do infotainment
- Peso
- Consumos
central,
longitudinal
TR: Independente, multibraços
TR: 325/30 ZR23