Os Estados Unidos vão partilhar informações secretas com a Ucrânia que facilitem a realização de ataques de longo alcance contra alvos estratégicos dentro do território da Federação Russa, nomeadamente infra-estruturas energéticas, revelaram nesta quinta-feira membros da Administração Trump ao Wall Street Journal e à Reuters.
Numa altura em que ainda está a avaliar o envio de sistemas de mísseis de longo alcance Tomahawk para a Ucrânia, Washington deu “luz verde” à partilha de intelligence com Kiev com o argumento, defendido pelo Presidente dos EUA, de que a pressão sobre o Kremlin tem de passar essencialmente pelo fim da importação de petróleo e de gás natural russo pelos países europeus e não só – a Índia foi alvo de tarifas adicionais por isso e a Turquia também tem sido pressionada pelos EUA a reduzir as importações de energia russa.
De acordo com os responsáveis norte-americanos ouvidos pelo Wall Street Journal, que sublinham que é a primeira vez que esta Administração aceita ajudar a Ucrânia a realizar ataques de longo alcance contra alvos dentro da Rússia, as novas informações secretas vão facilitar disparos contra refinarias, oleodutos e centrais eléctricas, consideradas fundamentais para o financiamento da invasão russa da Ucrânia.
O jornal norte-americano revela ainda que a autorização para a partilha destas informações aconteceu pouco depois de Donald Trump ter escrito na sua rede social, a Truth Social, no dia 23 de Setembro, que depois de “conhecer e compreender inteiramente a situação militar e económica da Ucrânia e da Rússia”, na sequência de um encontro que teve nesse dia com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Nova Iorque, acredita agora que Kiev “está em posição de lutar e recuperar toda a Ucrânia na sua forma original”.
O Kremlin contrariou, no entanto, o chefe de Estado norte-americano, assegurando que a vantagem na “operação militar especial” que diz estar a levar a cabo na Ucrânia desde Fevereiro de 2022 continua a estar do lado russo.
Estes últimos desenvolvimentos parecem confirmar o volte-face na posição do Presidente dos EUA sobre o conflito ucraniano, depois de ter passado os primeiros meses do seu regresso à Casa Branca a acusar Zelensky de ter “provocado” a Rússia e de estar a apostar numa “terceira guerra mundial”, tendo chegado a ordenar a suspensão da partilha de todo o tipo de informações secretas com Kiev e recebido Vladimir Putin no Alasca.
Donald Trump parece estar agora ao lado do Presidente ucraniano contra a Rússia, ainda que continue a insistir que devem ser os países da Europa a assumir as rédeas do apoio militar e financeiro à Ucrânia e as responsabilidades pela segurança do continente europeu.
É também neste contexto renovado apoio à Ucrânia que os EUA estão a ponderar o envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia, armas com um alcance de cerca de 2500 quilómetros, que dariam às Forças Armadas ucranianas a possibilidade de atingir praticamente qualquer alvo no território russo situado no espaço europeu, nomeadamente a capital do país, Moscovo.
Em declarações recentes à Fox News, o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance – um dos principais opositores dentro da Administração ao apoio dos EUA à Ucrânia – revelou que “a decisão final” sobre os Tomahawk “caberá ao Presidente Trump”.