O material MASAI, desenvolvido com tecnologia de sensores avançados, reduz até 20% as emissões de CO2 e prolonga significativamente a vida útil do asfalto. Além disso, traz tecnologia para monitorizar em tempo real parâmetros críticos como a carga do tráfego ou a velocidade dos veículos. Será o princípio do fim dos radares?
MASAI em homenagem à tribo Masai de África
O inovador sistema de asfaltagem MASAI está a mudar o panorama das infraestruturas rodoviárias em Espanha. O material asfáltico MASAI marca um antes e um depois na indústria da construção de estradas, combinando sustentabilidade ambiental com tecnologia de ponta num produto 100% desenvolvido na Andaluzia.
Este avanço tecnológico não só representa uma revolução em termos ambientais, como também promete transformar a forma como se constroem e mantêm as estradas espanholas.
Fruto da colaboração entre empresas do setor e a Universidade de Granada, este asfalto de última geração está a captar a atenção de especialistas internacionais pelo seu triplo enfoque: sustentabilidade, automatização e inteligência integrada.
Os primeiros troços de teste instalados em 2024 já estão a mostrar resultados promissores, com uma redução significativa nos custos de manutenção e um impacto ambiental notoriamente inferior ao dos materiais convencionais.
A Andaluzia posiciona-se assim na vanguarda da inovação em infraestruturas viárias, sendo a única comunidade autónoma que conseguiu captar fundos europeus específicos para a implementação deste tipo de tecnologias sustentáveis. O sucesso do MASAI já levou à planificação de novas implementações em vias estratégicas como o acesso a Sierra Nevada (A-395), a autoestrada Jerez-Los Barrios (A-381) e a terceira faixa BUS-VAO entre Almonte e El Rocío.
Na imagem a investigadora da UGR, e Mari Carmen Rubio o investigador Fernando Moreno.
Inspiração africana para um asfalto revolucionário
A designação deste material não é casual. O nome MASAI presta homenagem à célebre tribo africana conhecida pelo profundo respeito pela natureza e pelos seus recursos. Esta comunidade, estabelecida no leste de África, considera a terra como um elemento sagrado que não deve ser degradado, filosofia que inspirou os princípios fundamentais deste novo material asfáltico.
Tal como os Masai aproveitam ao máximo o que a natureza lhes proporciona sem gerar resíduos, o nosso material procura reutilizar e valorizar produtos já existentes para evitar a sobre-exploração de recursos naturais.
Explicam os investigadores responsáveis pelo desenvolvimento.
Esta abordagem circular representa uma mudança de paradigma num setor tradicionalmente intensivo no consumo de matérias-primas e energia.
Os criadores de MASAI conseguiram desenvolver um material que incorpora pelo menos 20% de asfalto recuperado (RAP) de estradas deterioradas, implementando assim princípios de economia circular na construção de infraestruturas. Esta característica não só reduz a necessidade de extrair novos recursos, como também oferece uma solução para o problema dos resíduos gerados durante as operações de renovação rodoviária.
Características técnicas que fazem a diferença
Entre as inovações mais relevantes do MASAI encontra-se o seu processo de fabrico a baixa temperatura. Através do uso de aditivos especialmente desenvolvidos para este propósito, o asfalto pode ser produzido entre 110 e 130 °C, muito abaixo dos 160-180 °C exigidos pelas misturas tradicionais.
Esta redução térmica traduz-se num menor consumo energético e, consequentemente, numa diminuição significativa das emissões de CO2 durante o processo produtivo.
A integração de sensores no próprio asfalto constitui outro dos avanços revolucionários deste material. Estes dispositivos permitem monitorizar em tempo real parâmetros críticos como a carga do tráfego, a velocidade dos veículos, a pesagem dinâmica e a evolução do estado do piso.
Os dados recolhidos são transmitidos a sistemas centralizados que possibilitam uma manutenção preditiva, antecipando eventuais deteriorações e otimizando as intervenções necessárias.
A capacidade de prever quando e onde será necessário realizar trabalhos de manutenção representa uma poupança económica considerável para as administrações públicas e uma melhoria na segurança rodoviária.
Referem os especialistas consultados.
Esta inteligência integrada permite prolongar significativamente a vida útil das estradas, reduzindo os incómodos causados aos utilizadores por obras recorrentes.
Impacto económico e ambiental
Os estudos realizados até ao momento indicam que a implementação do MASAI pode representar uma poupança de até 15% nos custos totais ao longo do ciclo de vida da infraestrutura, em comparação com soluções asfálticas convencionais.
Esta poupança resulta tanto da redução do consumo energético durante a produção como do menor número de intervenções de manutenção graças à maior durabilidade do material.
De uma perspetiva ambiental, os benefícios são igualmente notáveis. Estima-se que, por cada quilómetro de estrada construído com este material inovador, se consiga reduzir a pegada de carbono em aproximadamente 20% face aos métodos tradicionais.
Se o seu uso fosse estendido a toda a rede rodoviária espanhola que necessita de renovação anual, isto equivaleria a retirar 10.000 veículos de circulação.
A resistência melhorada à formação de sulcos e a excelente aderência proporcionada pelo MASAI também contribuem para aumentar a segurança rodoviária em condições meteorológicas adversas, fator particularmente relevante em zonas com elevada pluviosidade ou risco de geada.
Os especialistas coincidem em que este aspeto, embora menos quantificável economicamente, representa um dos benefícios sociais mais importantes do novo material.
Futuro promissor e expansão prevista
As perspetivas para este material são extraordinariamente positivas. Após a sua implementação bem-sucedida em vários troços-piloto durante 2024, diversas administrações públicas espanholas demonstraram interesse em incorporar o MASAI nos seus planos de infraestruturas para os próximos anos.
A Junta da Andaluzia já anunciou que utilizará este material em todas as novas obras e reparações importantes previstas para 2025.
Além das aplicações já mencionadas, existem planos para implementar o MASAI em contextos urbanos, onde a redução do ruído e a durabilidade são fatores prioritários. Os testes preliminares sugerem que o material poderá reduzir até 3 decibéis do ruído de rolamento, o que representaria uma melhoria significativa na qualidade de vida dos residentes em zonas de elevado tráfego.
A transferência tecnológica desta inovação andaluza já despertou o interesse internacional, com delegações de vários países europeus e latino-americanos a visitarem as instalações onde se desenvolve o MASAI para estudar a sua possível adoção.
Esta projeção internacional poderá converter Espanha num referente mundial em tecnologias sustentáveis aplicadas a infraestruturas rodoviárias, gerando novas oportunidades de negócio e emprego qualificado no setor.