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O fenómeno consiste num aumento da carga laboral que não se traduz numa progressão concreta na carreira, como uma promoção ou um aumento.

Um número crescente de trabalhadores nos EUA afirma que as suas carreiras estão estagnadas devido ao que os especialistas chamam de “crescimento fantasma” — a ilusão de progresso profissional sem recompensas significativas.

De acordo com um novo inquérito a 1000 trabalhadores, realizado pela plataforma de carreiras My Perfect Resume, quase dois terços dos inquiridos afirmaram ter experienciado este fenómeno. O crescimento fantasma manifesta-se geralmente sob a forma de responsabilidades extra ou elogios por parte dos patrões, mas não gera mudanças tangíveis, como salários mais altos, promoções ou mais benefícios.

A coach de carreira Jasmine Escalera, que também já viveu o crescimento fantasma na sua própria carreira, explica que a prática “parece sucesso no papel”, mas, no final, acaba por desvalorizar os trabalhadores. “Dar-lhe-ão algo para se sentir satisfeito e para permanecer na empresa. Mas, na verdade, não lhe darão o cargo, o salário ou a progressão na carreira que procura”, afirma à CNBC.

O inquérito revelou que quase metade dos trabalhadores sente que as suas carreiras estagnaram, enquanto muitos acreditam que os empregadores utilizam oportunidades superficiais para os acalmar. As consequências para a moral podem ser graves. Cerca de 25% dos colaboradores disseram que o crescimento fantasma os deixou frustrados, enquanto 20% relataram sentir-se esgotados. De forma alarmante, mais de dois terços disseram ter considerado demitir-se por causa disso.

Escalera alerta que o crescimento superficial é uma “receita para o desastre” no local de trabalho. “Os profissionais estão ansiosos por mostrar o seu valor”, diz ela. “Mas se os seus esforços não levarem a mudanças tangíveis, acabarão por desistir.”

Quando questionados sobre o que realmente desejam das suas carreiras, 27% dos trabalhadores apontaram os salários mais elevados como a sua principal prioridade. Outros procuraram um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (18%) ou oportunidades para assumir cargos de chefia (16%).

Para os empregadores, as conclusões devem servir como “um grande alerta“, diz Escalera, que recomenda que os gestores promovam uma comunicação aberta sobre o desenvolvimento de carreira. “Se alguém quer desenvolver um conjunto específico de competências ou assumir a liderança, isso não pode ser apenas um trabalho de apaziguamento”, acrescenta.

Os trabalhadores que enfrentam um crescimento fantasma, aconselha, devem vir preparados com provas dos seus contributos e iniciar discussões francas com os gestores. Se não surgir nenhum plano concreto, pode ser altura de procurar oportunidades noutros lugares.

Em última análise, sublinha Escalera, as empresas correm o risco de perder os seus melhores talentos se não conseguirem traduzir trabalho extra em crescimento real. “Os trabalhadores sabem qual é a situação agora”, diz. “Se as empresas não encontrarem uma forma de satisfazer estas necessidades, não conseguirão manter os seus melhores profissionais.”


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