Este valor representa um salto de 16 pontos percentuais em comparação com o inquérito de 2016 e um aumento de um ponto percentual em relação ao inquérito de 2021. “As taxas de discriminação atingiram os seus níveis mais elevados na Irlanda (para ciganos e nómadas), Itália e Portugal”, lê-se no relatório.
Entre os 422 portugueses ciganos, quase metade foi vítima de, pelo menos, uma forma de assédio motivado pelo ódio ao facto de serem ciganos.
O relatório da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) regista 48 por cento que disse ter sido vítima de assédio em Portugal. A seguir surge Itália (44 por cento) e Irlanda (41 por cento).
A agência europeia constatou que em Portugal, como na Albânia, Bulgária, Chéquia e Sérvia, há menos discriminação de pessoas de etnia cigana em comunidades multiculturais, do que em bairros onde toda ou a maioria da população é cigana.
O relatório sublinha que Portugal é também um dos países com uma taxa de discriminação “notavelmente alta” na procura de emprego (70 por cento).
Portugal é apenas ultrapassado pela Irlanda (84 por cento) e fica à frente de Itália (66 por cento) e Grécia (61 por cento).
A realidade europeia em 2024
A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) sublinha que em 2024 registou progressos comparando com os resultados dos inquéritos anteriores.
No entanto, apesar da melhoria em áreas como o acesso ao emprego, à habitação e à educação, “as disparidades em relação à população em geral permanecem profundas”.
O inquérito conclui que as pessoas de etnia cigana são quatro vezes mais afetadas pela pobreza do que a restante população da União Europeia. Ou seja, sete em cada dez vivem na pobreza, sendo as crianças as mais atingidas. As comunidades cigana e nómada também continuam a enfrentar discriminação e segregação.
Na habitação, diminuiu a percentagem de pessoas de etnia cigana a viver em casas sem saneamento, húmidas e sem luz natural– são 47 por cento e em 2016 eram 61 por cento.
Ainda assim, muito acima de média europeia que é de 18 por cento. E mais de 80 por cento da etnia cigana vive em casas sobrelotadas.
Quanto ao trabalho remunerado, a percentagem (54 por cento) aumentou sensivelmente mais 10 por cento em 2024 do que em 2016. Mas está abaixo da média europeia – 75 por cento. Na educação, a segregação escolar permanece elevada. Quase metade (46 por cento) das crianças frequenta escolas onde a maioria dos alunos é da mesma etnia.
Aumentou o número de crianças a frequentar o pré-escolar, ainda assim a percentagem – 53 por cento – permanece longe da médica europeia – 95 por cento.
Apenas 32 por cento concluem o ensino secundário superior, em comparação com 84% da população em geral.
A saúde é outra área crítica: os homens vivem em média menos oito anos e as mulheres menos 7,4 anos do que o resto da população dos países analisados. Para a FRA, os maiores desafios mantêm-se: combater o anticiganismo, a pobreza, a discriminação e a segregação escolar. Ao mesmo tempo criar mais oportunidades justas para mulheres e jovens.
O inquérito, relativo a 2024, envolveu 10 Estados-membros.
Para além de Portugal, encontramos Bulgária, Chéquia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Roménia e Espanha e outros três países em vias de adesão: Albânia, Macedónia do Norte e Sérvia.
c/ Lusa