Ao início da trama, porém, fora marcas de tiros pelas paredes, o sol brilha em Sarajevo, e Asja, na faixa dos 45 anos, caminha rumo a uma performance bizarra armada por marqueteiros em busca do par perfeito. Tipo Tinder. Mas com regras bem definidas e solitários distribuídos como alunos do Enem.
A prova começa e o espectador pode suspeitar que terá uma comédia pela frente. A câmera passeia por alguns casais, com paradas mais longas em Zoran, explicitamente atormentado, e Asja, a solitária romântica. O exame passa para questões de identidade nacional e religiosa. Sérvios, croatas, católicos, ortodoxos, muçulmanos. Na turma, a câmera passeia por duplas que parecem se divertir. Zoran, ao contrário, explode. O até então homem mais feliz do mundo reencontra o passado compartilhado por Asja, quando tinham 16, 17 anos, Eram então inimigos de morte involuntários. E o que ele quer? Perdão.
Com ritmo, movimentação de câmera e montagem sob evidente controle, a dupla principal — Jelena Kordic e Adnan Omerovic — impressiona pela força e intensidade. O longa propõe questionamentos perigosamente próximos: nós contra eles, manipulação religiosa, armamento da população. Lamentavelmente inspirado em fatos.