A Serra é a segunda região do RS com mais registros de casos de meningite bacteriana em 2025. De meados de janeiro a 13 de setembro, foram contabilizadas 12 pessoas com a doença nos municípios de abrangência da 5ª Coordenadoria Regional da Saúde (5ª CRS). O predomínio (91%) é para o sorogrupo B, forma grave da doença que pode levar à morte ou deixar sequelas.

Os pacientes são de Caxias do Sul (um), Bento Gonçalves (cinco), Vacaria (três), Garibaldi (dois) e Canela (um). Uma morte foi registrada no período na região. Trata-se de uma mulher, cuja idade e data da morte não foram informadas.

O número de casos representa um avanço perante aos dois anos anteriores. Em 2024, no mesmo período, a Serra teve quatro pacientes diagnosticados com a doença. Já em 2023, foi apenas um. O cenário regional também acompanha o estadual: até a semana epidemiológica 37, em 13 de setembro, foram confirmados 57 casos de doença meningocócica, número superior aos 53 do ano passado.

Dos 12 casos na Serra, metade são de crianças até cinco anos, incluindo um recém-nascido e um bebê de cinco meses. Em Bento Gonçalves, três casos registrados entre julho e agosto, sem vínculo entre si, foram classificados como surto pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Diante do cenário, houve intensificação de ações de controle, incluindo a oferta de antibióticos não apenas em contatos próximos, mas também em pessoas com exposição breve com os pacientes.

Estamos com um aumento de casos generalizados no Estado. (Dentre as orientações à população estão) lavar as mãos frequentemente, utilização de álcool gel, manter ambientes ventilados, evitar aglomerações em espaços fechados, bem como o compartilhamento de objetos pessoais e manter o calendário vacinal atualizado — recomenda a titular da 5ª CRS, Tatiane Fiorio. 

Além de Bento, a região de Pelotas também teve registro de surto de meningite bacteriana. São cinco casos contabilizados no município e outros dois em Canguçu, que pertence a mesma coordenadoria de saúde. Em todo o Estado, sete mortes relacionadas à doença foram registradas em 2025, mesmo número de todo o ano passado.

Fique atento aos sintomas!

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas — as bacterianas e as fúngicas são as mais graves. 

A meningite é uma doença que preocupa bastante porque pode evoluir de forma muito rápida e causar complicações graves, como sequelas neurológicas ou até levar à morte. Além disso, alguns tipos são transmissíveis entre pessoas por meio das gotículas de saliva, o que aumenta o risco de surtos — alerta a médica infectologista e docente da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Fernanda Marçolla Weber.

Segundo a médica, os sintomas mais comuns são:

  • Febre alta de início súbito
  • Dor de cabeça intensa
  • Rigidez no pescoço
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Sensibilidade à luz

— Em crianças pequenas, pode haver irritabilidade, sonolência excessiva e convulsões. É fundamental procurar atendimento médico imediato diante desses sinais, especialmente quando a febre e a dor de cabeça forte aparecem juntas, pois o diagnóstico e o início rápido do tratamento fazem toda a diferença na recuperação — acrescenta a especialista.

“A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a meningite”

A vacinação, como reforçam os órgãos e os profissionais da saúde, é a estratégia mais eficiente para evitar os principais tipos de meningite. 

— Existem vacinas que protegem contra os principais tipos de bactérias que causam a doença. Ao se vacinar, a pessoa não só se protege, mas também ajuda a reduzir a circulação desses microrganismos na comunidade, protegendo indiretamente quem não pode ser vacinado — ressalta Fernanda.

Esquema vacinal no SUS

  • Três meses: meningocócica C
  • Cinco meses: meningocócica C
  • 12 meses (reforço): meningocócica ACWY
  • Entre 11 e 14 anos: meningocócica ACWY

Rede particular

  • Dos dois meses aos 50 anos: meningocócica B. O Ministério da Saúde está estudando a inclusão deste imunizante no calendário vacinal, mas ainda não há definição sobre a oferta por meio do SUS.