Se há quem veja os videojogos como potencialmente problemáticos, devido ao vício que podem representar, uma empresa alemã parece ter criado o trabalho de sonho dos gamers. Em breve, os carros alugados chegarão aos clientes pelo comando de operadores remotos!

Condutor remoto da Vay, a operar um carro, por via de um volante e com auriculares. À sua volta, vários ecrãs, onde se lê "VAY" e cadeiras gaming

Apesar dos planos sobre os quais já informámos, a Europa está a demorar a adotar a mobilidade autónoma. Nos Estados Unidos, por exemplo, há já empresas a consolidarem a sua atividade em várias cidades, como a Waymo, transportando passageiros de uma forma que, por cá, ainda soa futurista.

Entretanto, após ter testado o seu serviço em Las Vegas, que tinha a “estrutura legal necessária em vigor”, a empresa Vay espera lançá-lo, em breve, na Alemanha.

Criada em Berlim, em 2018, a empresa de tecnologia de condução remota, cujo nome imita como muitos alemães pronunciam “way”, procura revolucionar a mobilidade nas cidades europeias.

Por via de uma aplicação, a Vay permitirá aos clientes solicitar um veículo, recebê-lo pelo comando do “gamer”, ou o motorista remoto, dirigi-lo até onde quiser e, por fim, encerrar simplesmente o aluguer aquando da chegada ao destino.

Sim, o problema do estacionamento deverá ser deixado para o motorista remoto.

Conforme a informação partilhada, os utilizadores da aplicação pagarão por minuto por um veículo elétrico a uma taxa que será cerca de metade do que custa um serviço atual de partilha de carros, segunda a empresa alemã.

Aplicação da Vay para solicitar um carro elétrico autónomo

Alemanha abriu a porta à solução da Vay

Segundo o The Guardian, antes das férias de verão, o parlamento alemão aprovou uma legislação que permite a operação comercial de veículos controlados remotamente em áreas pré-aprovadas, por motoristas qualificados, a partir do dia 1 de dezembro.

De acordo com Thomas von der Ohe, diretor-executivo e cofundador da Vay, o seu objetivo passa por tornar a propriedade de carros particulares redundante e as cidades mais sustentáveis, “persuadindo as pessoas a não comprar o segundo ou mesmo o primeiro carro”.

Gamer a usar um teclado e rato

Além dos engenheiros, o ativo mais valioso e o maior custo da empresa são os seus motoristas. Muitos dos “gamers” foram recrutados da Uber, bem como de empresas de táxi mais convencionais.

Segundo von der Ohe, em destaque nas contratações estão mulheres, “que relataram ter sofrido ataques horríveis com facas e enfrentado outros problemas de segurança”, e motoristas de transportes pesados, cansados de conduzir longas distâncias e ficar longe das suas famílias.

As pessoas veem isto como um trabalho do futuro. Têm pausas para ir à casa de banho e para almoçar, trabalham em equipa em vez de sozinhas.

Partilhou Thomas von der Ohe, revelando que estes operadores remotos ganharão por hora e não por viagem.

Conduzir a partir de casa

Um motorista da Polónia, Bartek Sztendel, acumulou várias centenas de quilómetros de condução ao longo de várias semanas antes de se qualificar como motorista remoto.

Conforme contado ao The Guardian, aqueles com experiência em jogos foram mais rápidos a adquirir as competências iniciais necessárias. Ainda assim, isto não foi tão importante quanto “a capacidade de manter a calma, e ter um forte sentido de segurança e responsabilidade”.

[Vídeo original]

Em breve, previsivelmente em dezembro, este e outros motoristas remotos poderão operar o carro solicitado, pressionando os pedais e girando o volante, a partir de casa, enquanto monitorizam a condução em três grandes ecrãs à sua frente, capturada pelas quatro câmaras discretas instaladas no teto do veículo.

Com uns auscultadores, os “gamers” ouvirão os sons do interior e do exterior do carro, com sensores a permitirem até sentir as irregularidades na estrada.