NASA / Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio

Algumas anomalias gravitacionais da Terra registadas pelo GRACE.

Uma anomalia no campo gravitacional da Terra indica que ocorreram mudanças profundas sob a superfície; e nem nos apercebemos. A causa foi uma tremenda redistribuição de massa abaixo de nós.

Em 2007, algo estranho aconteceu no oceano Atlântico oriental.

A anomalia foi detetada por uma missão conjunta do DLR e da NASA chamada Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE), um par de satélites que orbitou a Terra entre 2002 e 2017.

Satélites em órbita da Terra apanharam uma anomalia à escala continental no campo gravitacional do nosso planeta antes de regressar ao seu estado original.

O evento insólito, indetetável para os humanos à superfície, só agora foi descoberto, em dados recolhidos por satélites de monitorização gravitacional.

O estudo publicado recentemente na Geophysical Research Letters revelou que a causa foi uma tremenda redistribuição de massa abaixo da superfície.

De acordo com uma equipa liderada pela geofísica Charlotte Gaugne Gouranton, da Universidade da Cidade de Paris (França), essa redistribuição foi provavelmente o resultado de uma mudança de fase de material a cerca de 3.000 quilómetros de profundidade, próximo da fronteira inferior do manto.

O trabalho da equipa ainda precisa de ser confirmado, mas existem outras implicações. Dados sísmicos revelaram estranhas massas de material perto do núcleo da Terra que parecem ter propriedades diferentes do material circundante.

As mudanças no campo gravitacional podem estar associadas a alterações na distribuição de massa à superfície, tais como mudanças em reservatórios de águas subterrâneas, derretimento glacial e variações do nível do mar, todas as quais se manifestam como pequenas alterações no campo gravitacional planetário.

Como recorda a Science Alert, a localização proposta da mudança de fase da anomalia gravitacional de 2007 ficava muito próxima de uma destas massas, o que pode significar que os dois fenómenos estão ligados.

“Ao analisar séries temporais de gradientes gravitacionais derivados do GRACE, identificámos um sinal anómalo de gradiente gravitacional em larga escala no oceano Atlântico oriental, máximo no início de 2007, que não pode ser totalmente explicado por fontes de água superficial nem por fluxos de fluido do núcleo”, escrevem os investigadores, citados pela mesma revista..

“Isto leva-nos a sugerir que pelo menos parte deste sinal pode refletir redistribuições rápidas de massa no interior do manto”, acrescentaram.


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