“Nós não tivemos nenhum contacto, nem as famílias nem o Bloco de Esquerda, por parte do Ministério sobre a localização nem o estado das pessoas que foram ilegalmente detidas pelo Estado de Israel em águas internacionais”, adiantou em entrevista à RTP3 Joana Mortágua, irmã de Mariana Mortágua.

“As únicas informações que vamos recebendo são a partir das redes sociais do Governo de Israel e isso não são fontes confiáveis, do nosso ponto de vista”, acrescentou.

Joana Mortágua disse ainda não achar “normal” que “haja uma detenção ilegal de pessoas em águas internacionais e que não haja um repúdio generalizado por essa detenção”.

Na visão da bloquista, “o Governo deveria ter feito esforços para impedir uma detenção ilegal”. Para além de Mariana Mortágua, foram detidos a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.

“O papel da diplomacia europeia era dizer a Israel que não pode intercetar e deter navios internacionais com ajuda humanitária em águas internacionais, isso é ilegal”, vincou.

A irmã de Mariana Mortágua destacou ainda que o presidente da República aceitou o pedido de reunião feito pelo seu partido, enquanto Paulo Rangel “já é o segundo pedido de reunião que recebe do Bloco de Esquerda e ainda não deu qualquer resposta”.

“A única coisa que disse é que tem garantias do Estado de Israel de que os detidos não vão ser maltratados”, explicou.“Cabe aos cidadãos intervir”

Minutos antes destas declarações, o membro do Bloco de Esquerda Fabian Figueiredo disse em conferência de imprensa que “cabe aos cidadãos, à sociedade civil intervir” para mudar a situação dos três portugueses detidos.

Os elementos que integram a flotilha humanitária “são a voz da consciência do mundo, de toda a gente, que é certamente a larga maioria da população portuguesa, a larga maioria da população mundial (…), que querem que este teatro de horrores chegue finalmente ao fim”, considerou.

“O seu esforço, a sua coragem, a sua determinação é um sinal de esperança para o futuro”, declarou ainda o bloquista.

Para Fabian Figueiredo, “é difícil compreender as palavras do primeiro-ministro” esta manhã. “Nós gostávamos que o presidente do Governo português tivesse a mesma atitude que o Governo espanhol ou que o Governo irlandês”, explicou.

“A flotilha em momento algum tentou entrar em águas marítimas israelitas. Isso é uma mentira”, já que a flotilha pretendia entrar águas palestinianas, frisou o político.

Figueiredo afirmou ainda que Marcelo Rebelo de Sousa “está à altura das exigências do Estado português”, já que aceitou o pedido de reunião do Bloco de Esquerda.

“Por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros há um lamentável silêncio, portanto nós esperamos que o senhor ministro Paulo Rangel responda ao pedido de audiência que o Bloco de Esquerda lhe fez, como fez o presidente da República”, acrescentou.