Loubna Yuma, advogada da Adalah, a equipa jurídica da flotilha, disse à agência de notícias EFE que os ativistas foram levados para a prisão de Saharonim, de onde serão provavelmente deportados para os países de origem.
Na quinta-feira, o presidente da República português confirmou que a embaixadora e o cônsul português em Israel vão encontrar-se com os ativistas detidos. Marcelo Rebelo de Sousa revelou à RTP que vão ser apresentadas duas hipóteses aos cidadãos portugueses.
“Vai ser apresentada uma escolha aos detidos: ou assinam um documento dizendo que saem com a sua concordância do território de Israel, e aí Israel cobre as despesas dessa saída o mais rápido possível, ou preferem a outra via, que é ficarem em território israelita, e nessa medida iniciar o processo que conduz à intervenção de um juiz”, adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.O Governo italiano adiantou que os ativistas desse país deverão ser deportados em dois voos fretados na segunda e terça-feira.
Mais de 400 militantes pró-palestinianos a bordo de 41 navios de uma flotilha de ajuda à Faixa de Gaza foram detidos pelas forças navais israelitas, confirmou na quinta-feira um responsável israelita.
“Durante uma operação, que durou cerca de 12 horas, o pessoal da Marinha israelita conseguiu impedir uma tentativa de incursão em grande escala, realizada por centenas de pessoas a bordo de 41 navios que tinham declarado a sua intenção de violar o bloqueio marítimo legal sobre a Faixa de Gaza”, explicou o mesmo responsável.
Entre os detidos estão quatro portugueses: a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse na quinta-feira esperar que os cidadãos portugueses possam regressar ao país “sem nenhum incidente”, considerando que a mensagem da flotilha humanitária foi “executada”.Último barco da flotilha intercetado
Um último barco da flotilha que prosseguia ainda a sua viagem, segundo os dados disponibilizados no portal da Global Sumud na Internetm foi intercetado ao início da manhã desta sexta-feira.
Pouco antes, a organização da flotilha tinha anunciado que a embarcação Marinette continuava a navegar mas que esperava ser intercetada em breve. “Ela sabe o que a espera”, escreveu nas redes sociais.
O barco Marinette estava a menos de 100 quilómetros da costa do enclave palestiniano ao início da manhã desta sexta-feira, de acordo com a geolocalização divulgada. Pouco depois, surgiu no site como “intercetado”.
“Se o barco se aproximar, a sua tentativa de entrar numa zona de combate ativa e quebrar o bloqueio será igualmente impedida”, tinha já garantido o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel na quinta-feira.
No mesmo dia, um vídeo divulgado nas redes sociais revelou o ministro da Segurança Nacional de Israel, Ben Gvir, a apontar para os ativistas da flotilha e a exclamar “são terroristas”.
Mais de mil pessoas manifestaram-se em Lisboa
Milhares de pessoas manifestaram-se em vários países europeus na quinta-feira, incluindo em Portugal, para denunciar a interceção da flotilha pelas forças navais israelitas.
Em Lisboa, mais de mil manifestantes marcaram presença num protesto para exigir a libertação dos cidadãos portugueses detidos por Israel, em embarcações com ajuda humanitária da Flotilha Global Sumud.
O protesto, organizado pelo movimento de solidariedade com a Palestina, começou em frente à Embaixada de Israel.
Na quinta-feira à noite, mais de cem pessoas transferiram o protesto para o Mude, onde decorreu o debate promovido pela RTP entre os candidatos à Câmara de Lisboa, obrigando ao corte da Rua Augusta em ambos os sentidos.
c/ Lusa