Em meio à previsão de uma escassez crítica de médicos nas próximas décadas, escolas de medicina nos Estados Unidos estão apostando em uma alternativa ousada: cursos acelerados que formam clínicos gerais em apenas três anos, afirma o jornal local CBS News.

Programas como o oferecido pela UMass Chan Medical School, onde estudam Diego Marroquín e Jason Denoncourt, já são realidade em ao menos 33 instituições do país. A meta é clara: colocar mais profissionais em atividade, especialmente em regiões com difícil acesso à saúde.

Segundo a Associação Americana de Faculdades de Medicina (AAMC), o país poderá enfrentar, até 2036, um déficit de até 40 mil médicos de atenção primária, impulsionado pelo envelhecimento da população e pela demanda crescente por cuidados de saúde. A proposta dos programas acelerados é aliviar essa pressão sem comprometer a formação dos futuros médicos.

“Este é um modelo que pode realmente ajudar a formar médicos mais rápido”, afirma Joan Cangiarella, presidente do consórcio de programas acelerados da NYU Langone Health.

A luta dos médicos para salvar os feridos da guerra na Ucrânia

.

“O essencial é garantir que o conteúdo central, tudo o que é necessário para torná-los competentes, esteja bem contemplado nesses três anos”, complementa.

Uma análise citada pelo grupo não encontrou diferença significativa no desempenho acadêmico entre os formados em três e quatro anos. Para Cangiarella, a crítica de que o tempo seria insuficiente ignora o fato de que a medicina é, por natureza, uma profissão de aprendizado contínuo.

“Nenhum médico sai da escola sabendo tudo. A formação é para a vida toda”, pontua.

Além de acelerar a entrada na carreira, os programas têm impacto direto no bolso: com mensalidades que ultrapassam os US$ 60 mil por ano, os estudantes economizam um ano de pagamentos — e ainda ganham tempo no mercado. Segundo cálculos da NYU, o ganho acumulado pode passar de US$ 250 mil ao longo da vida profissional.

Outro benefício observado é o impacto social. Algumas universidades relatam que até 70% dos formados nesses programas vão trabalhar em comunidades rurais ou carentes, o que reforça o papel estratégico do modelo.

Esse é o plano de Diego Marroquín, que migrou da Guatemala na adolescência e pretende atuar em Lawrence, Massachusetts, uma das cidades mais pobres do estado.

“Venho de um grupo sub-representado na medicina. Quero voltar e cuidar da minha comunidade”, diz.

Para Jason Denoncourt, cada ano conta.

“Começar a residência um ano antes é também um ano a mais cuidando de pacientes. Isso pode significar muito para a saúde deles”, resume.