Livre e BE pedem demissão de Melo e PS e PCP querem ouvir ministros
PS e PCP anunciaram esta sexta-feira que vão pedir audições aos ministros Nuno Melo (Defesa) e Paulo Rangel (Negócios Estrangeiros) na Assembleia da República para explicarem a escala de aviões F-35 vendidos pelos Estados Unidos a Israel, com destino a Telavive, através da base das Lajes.
O líder socialista, José Luís Carneiro, disse que o grupo parlamentar do partido “vai pedir para ouvir os dois ministros na Assembleia da República, quer o ministro dos Negócios Estrangeiros, quer o ministro da Defesa Nacional”, que têm de explicar “ao país afinal do que se trata e porquê que não houve comunicação entre os dois ministérios”.
Carneiro afirmou que as declarações de Rangel “têm gravidade” e devem impor esclarecimentos claros”, referindo que o responsável disse “não ter conhecimento de uma operação aérea que utilizou território nacional e que não terá sido informado, como deveria”.
Já o grupo parlamentar do PCP entregou esta sexta-feira dois requerimentos para chamar com urgência os ministros.
O PCP classificou “a utilização da Base das Lajes, bem como o trânsito por espaço aéreo português, de vários aviões furtivos F-35, vendidos pelos EUA ao estado de Israel” como forma de fortalecer “o dispositivo de agressão militar e genocídio que está a ser perpetrado sobre o povo palestiniano em Gaza”.
Para os comunistas, “os factos agora relatados e confirmados vêm demonstrar, mais uma vez, a cumplicidade do Governo PSD/CDS nos crimes que Israel vem praticando com o patrocínio dos EUA e da UE”.
Mais longe foi o líder do Livre, que sugeriu mesmo a demissão de Nuno Melo, acusando-o de “estar do lado de terroristas”.
“Eu não percebo como é que Nuno Melo se pode manter como ministro da Defesa”, considerou Rui Tavares, à margem de uma ação de campanha para as eleições autárquicas.
“O Ministério dos Negócios Estrangeiros chuta a bola para a Defesa e diz que é responsabilidade da Defesa . Isto não foi conhecido antes das eleições de 18 de maio e significa que o território português foi usado para enviar aviões, talvez daqueles que estiveram a bombardear Gaza , numa operação que já merece, de muitas organizações internacionais, a designação de operação genocida e que inclui crimes de guerra”, criticou.
Posição semelhante manifestou Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que acusou o ministro da Defesa de autorizar a passagem de aeronaves e material de guerra “para ser utilizado no genocídio do povo palestiniano na base açoriana das Lajes, “à revelia do ministro dos Negócios Estrangeiros”, por saber que Paulo Rangel “não autorizaria a passagem de material militar dirigido a Israel”.
“O ministro dos Negócios Estrangeiros não autorizaria a passagem de material militar dirigido a Israel porque há um embargo militar a Israel e porque sabia que a passagem de material militar dirigido a Israel dirigido ao genocídio dos palestinianos pode ser considerado um crime internacional e uma violação do direito português e internacional”, acrescentou.
A bloquista considera que Portugal “não pode ter um ministro da Defesa cuja lealdade e obediência é ao Governo de Israel e não ao Governo português”, pelo que Nuno Melo “não tem condições para continuar no Governo”.