De acordo com a BBC, o Hamas afirmou que as suas forças invadiram o bairro para deter indivíduos acusados de colaborar com Israel.
Relatos locais descreveram um ataque armado realizado por cerca de 50 homens em cinco carrinhas de caixa aberta, armados com espingardas de assalto e um lança-granadas-foguete (RPG), que invadiram o bairro de al-Mujaida e mataram cinco familiares do clã.
Membros do clã armados reagiram rapidamente, desencadeando confrontos que duraram horas e foram acompanhados por fortes disparos, refere ainda a BBC.
Relatos que circulam nas redes sociais – difíceis de verificar de forma independente – afirmam que mais de 11 membros do Hamas foram mortos, tendo alguns dos seus corpos sido arrastados pelas ruas.
Vídeos amplamente partilhados online, que a BBC não verificou, parecem mostrar vários corpos ensanguentados com uniformes militares, juntamente com uma voz off que afirma que pertenciam à “Unidade Sahm” do Hamas.
Outro vídeo captou rajadas de tiros e um RPG a atingir um prédio residencial no bairro.
O exército isrealita confirmou o sucedido, acrescentando que ajudou a repelir o ataque do Hamas, usando meios aéreos.
O Times of Israel cita fontes das IDF, segundo as quais, cerca de 20 membros armados do Hamas, tentaram realizar um ataque na manhã de sexta-feira contra outros residentes de Gaza numa “zona humanitária” designada por Israel na zona de Khan Younis, no sul de Gaza. Os militares referiram que os membros do Hamas foram mortos em ataques com drones.
Conflito interno
A confirmação das Forças de Defesa de Israel surgiu depois do líder de um grupo armado rival em Gaza ter dito ao The Times of Israel que as suas forças tinham frustrado um ataque do Hamas a Khan Younis com assistência militar israelita.
Hossam al-Astal, que lidera o grupo armado a leste de Khan Younis, disse que frustrou um ataque do Hamas contra uma família com quem o Hamas está em conflito, na manhã de sexta-feira na zona de Mawasi, em Khan Younis, com o apoio aéreo das Forças de Defesa de Israel. De acordo com a BBC, os anciãos locais intervieram posteriormente para mediar entre os dois lados, levando a uma troca de corpos com o objetivo de conter a escalada.
Al-Astal afirmou que, pelas 6h00 locais, agentes do Hamas chegaram a al-Mawasi e abriram fogo, lançando lança-granadas contra uma zona onde se encontravam membros da família al-Majaida, alvos do grupo terrorista.
A família al-Majaida está em guerra com o Hamas há várias semanas, desde que os agentes dispararam contra a perna de vários membros da família por motivos desconhecidos, disse al-Astal.
Afirmou que o grupo também alegou que a família está a colaborar com Israel e a roubar ajuda humanitária. Disse que as suas forças vieram em auxílio da família e, com a ajuda da aviação israelita, conseguiram atacar toda a unidade do Hamas.
Onze agentes do Hamas foram mortos e seis ficaram gravemente feridos, disse, e um membro da família Majaida, que lutou contra eles, também foi morto. As suas próprias forças não sofreram baixas, afirmou.
Receio de guerra civil
Cresce agora o receio de que o uso generalizado de armas, as tensões entre famílias poderosas e a permanência do Hamas no poder, possam levar à multiplicação de episódios a lembrar uma guerra civil, num território já devastado por deslocações, destruição e medo.
Analistas da BBC admitem que a intensidade da raiva que o Hamas enfrenta por parte dos seus muitos opositores internos, que humilhou durante os seus 17 anos no poder, será um factor-chave para a rejeição do plano de cessar-fogo de Donald Trump.
O plano exige o desarmamento completo do Hamas e os combatentes islamitas temem retaliações violentas, e serem morto nas ruas, se a proposta for implementada.
O chefe da ala militar do grupo já se opôs ao plano, que Trump revelou na terça-feira. O presidente norte-americano deu esta sexta-feira ao Hamas até às 18h00 EDT (23h00 em Portugal) de domingo para aceitar a proposta ou enfrentar “o inferno”.