Não é apenas um problema associado ao envelhecimento ou um problema que se esconde atrás da porta do consultório médico. Cada vez mais mulheres jovens, em plena vida ativa, admitem conviver com episódios de incontinência urinária. A condição não discrimina: profissionais, estudantes, atletas ou novas mães descobrem que algo que antes era prazeroso ou natural, como rir, se exercitar ou espirrar, pode se tornar desconfortável.

De acordo com o Relatório de Higiene e Saúde da Essity, líder global de mercado no setor de higiene e saúde, o constrangimento é o motivo mais comum para as pessoas não procurarem ajuda para incontinência. E, segundo o relatório, é uma discussão ainda mais difícil de se ter do que a saúde mental.

No entanto, graças aos recentes esforços de conscientização, juntamente com o aumento da condição entre os jovens, conversas sobre incontinência estão começando a aparecer nas mídias sociais, em consultórios médicos e em conversas cotidianas.

O que é incontinência urinária?

Segundo a Sociedade Internacional de Continência, a incontinência urinária é a perda involuntária de urina que pode ser objetivamente demonstrada e que é um problema social ou higiênico para o paciente.

Claudia Scalise, médica responsável pelo Serviço de Uroginecologia e Assoalho Pélvico do Sanatório Güemes, ressalta que existem diferentes tipos de incontinência: por transbordamento, reflexa, de esforço, de urgência e mista. As duas mais comuns são a mista e a de esforço, acrescenta.

Este último, ele explica, é a perda involuntária de urina relacionada ao aumento da pressão intra-abdominal e está associado a esforços como tossir, espirrar, pular, correr e caminhar.

“Cerca de 50% das mulheres passarão por um episódio em algum momento de suas vidas, e as chances aumentam exponencialmente quando uma mulher entra na menopausa”, diz o Dr. Scalise.

A Tena, empresa líder em produtos para incontinência, lista os seguintes sintomas da condição e gatilhos para consulta médica.

  • Urina turva ou com sangue
  • Gotejamento constante
  • Necessidade urgente ou frequente de urinar
  • Dor ou ardor ao urinar
  • Dificuldade para começar a urinar
  • Febre
  • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga
  • Sentir que sua roupa íntima está molhada o tempo todo
  • Odores fortes
  • Diagnóstico e tratamento

“ Um histórico médico completo, riscos obstétricos e medicamentos concomitantes é essencial para o diagnóstico”, explica a Dra. Scalise. Ela também enfatiza a importância dos exames físicos, que podem avaliar a incontinência urinária e outras condições ginecológicas associadas.

“Como exames complementares, podem ser solicitados urocultura e ultrassonografia renal e vesical com avaliação de resíduo pós-miccional”, acrescenta.

Sobre os tratamentos para combater e/ou melhorar a incontinência, a profissional ressalta que as abordagens variam conforme o diagnóstico, mas que “como tratamento inicial, é importante mudar hábitos de vida, como evitar a ingestão de estimulantes da bexiga, como café, chá, mate e álcool”.

Perda de peso e rotinas de exercícios que fortaleçam os músculos do assoalho pélvico (chamados de “exercícios de Kegel”) são outros dois pilares que Scalise considera essenciais na abordagem.

Além disso, revela que a cirurgia é o tratamento definitivo para a incontinência urinária de esforço. Acrescenta que terapias regenerativas ou dispositivos baseados em energia ainda carecem de evidências acadêmicas suficientes para respaldar seu uso em pacientes com incontinência urinária.

“Existem medicamentos comumente usados ​​para incontinência urinária de urgência, como o tratamento antimuscarínico, mas eles têm efeitos adversos associados”, conclui.