Levantar dinheiro é um gesto quase automático, repetido diariamente por milhares de portugueses. Mas há um novo esquema no Multibanco que está a preocupar especialistas em segurança financeira: uma técnica sofisticada que permite copiar os dados do cartão e o código PIN, deixando o saldo bancário exposto a quem o souber explorar.
O alerta chega dos Estados Unidos, mas as autoridades europeias já admitem que o método está a atravessar fronteiras e pode, em breve, chegar a Portugal.
Dispositivos quase invisíveis
O método é engenhoso e difícil de detetar. Pequenos dispositivos são instalados de forma discreta no leitor do cartão ou no teclado da máquina, de modo a recolher dados essenciais do utilizador. Uma vez obtida essa informação, os criminosos podem levantar dinheiro, fazer compras online ou até abrir contas bancárias em nome da vítima.
De acordo com a FICO, empresa norte-americana especializada em análise de risco e cibersegurança, os casos de fraude em caixas automáticos aumentaram 96% em 2024 nos Estados Unidos, com mais de 315 mil cartões comprometidos. O fenómeno, conhecido como skimming, consiste na utilização de um leitor falso colocado sobre o original para copiar a banda magnética dos cartões.
O site Executive Digest, site especializado em economia e finanças, explica que, em alguns casos, é também utilizada uma câmara dissimulada junto ao teclado para registar o PIN, ou um teclado falso que recolhe os dígitos introduzidos. Estes equipamentos são tão discretos que a maioria das vítimas nem se apercebe de que algo foi manipulado.
A nova geração de fraudes eletrónicas
O skimming tradicional tem perdido força graças à adoção de cartões com chip EMV, mas novas variantes estão a emergir. Uma delas é o shimming, que utiliza uma lâmina ultrafina inserida no leitor para captar dados diretamente do chip.
Outra, mais recente, é o overlayless, uma técnica que recorre a câmaras escondidas e algoritmos de inteligência artificial capazes de interpretar os movimentos da mão para deduzir o código PIN.
Segundo a SIBS, a rede Multibanco portuguesa está protegida com tecnologia anti-skimming desde 2011, o que reduz consideravelmente o risco nas máquinas integradas no sistema oficial.
No entanto, caixas automáticas independentes, especialmente as instaladas em zonas turísticas ou pouco vigiadas, continuam a ser pontos vulneráveis.
A resposta europeia e as precauções
Para reforçar a segurança, a União Europeia aprovou o novo Regulamento de Serviços de Pagamento (PSR), que entrará em vigor em 2026. As novas regras obrigarão bancos e operadoras a partilhar em tempo real informações sobre tentativas de fraude, permitindo uma resposta mais rápida das autoridades.
Até lá, a prevenção individual continua a ser a melhor defesa. Os especialistas recomendam verificar sempre se há peças soltas ou elementos suspeitos na ranhura do cartão, cobrir a mão ao introduzir o PIN e, sempre que possível, usar caixas localizadas dentro de agências bancárias ou em locais com vigilância.
Também é aconselhável ativar notificações automáticas na aplicação bancária, para detectar movimentos suspeitos. Pequenos cuidados podem fazer a diferença entre uma operação segura e uma conta bancária esvaziada sem aviso.
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