A Metro do Porto tem uma nova administração e a prioridade da equipa liderada Emídio Gomes é resolver o complexo problema do metrobus. O projeto que vale 76 milhões de euros está encalhado com a falta de soluções técnicas para a circulação na rotunda da Boavista, e a imensa polémica com o traçado da segunda fase que rasga uma das zonas nobres da cidade, a Avenida Marechal Gomes da Costa. O candidato da coligação liderada pelo PSD apresentou mesmo uma providencia cautelar para travar a segunda fase das obras, numa altura em que nem o começo do projeto ainda é claro.

Pedro Duarte revela «total incompreensão com o violento arranque da 2.ª fase, a que depressa se juntou um sentimento generalizado de dor e indignação, ao perceber-se que o arranque das obras se fez com o início do abate de dezenas de árvores de grande porte e pela destruição de corredores verdes urbanos».

O ex-ministro do Governo de Luís Montenegro acusa a Metro do Porto, que tem uma maioria de capital do Estado, de «demonstrar uma absoluta irresponsabilidade e despreocupação com as gerações futuras, até porque foram já identificadas alternativas técnicas viáveis, menos gravosas, com menor impacto».

A anterior administração do Metro, que liderou todo o processo, discorda e lembra que o projeto inclui todas as alterações sugeridas pela Câmara do Porto e respeita a zona de Serralves, nomeadamente com a construção de estações com o traço do arquiteto Siza Vieira. E aqui começa outra polémica: as estações são evidentemente desconfortáveis, sem uma cobertura completa para a chuva e com pouca proteção ao vento, bem frequente nesta zona da cidade. Com o traçado na Avenida da Boavista a ocupar um corredor central, a colocação das estações no centro das duas vias levanta também muitas dúvidas sobre a segurança a funcionalidade, obrigando à travessia dos passageiros pelo corredor do metrobus e pelas das duas vias para automóveis, sempre muito movimentadas. A solução parece um perigo para os passageiros e complica evidentemente a circulação. 

Tiago Braga afirmou mesmo esta semana que «os veículos vêm com portas dos dois lados, ao contrário do que já se disse por aí» e que serão funcionais, mesmo com os seus 18 metros de comprimento, a fazer uma volta na complicada Rotunda da Boavista.

A anterior administração da Metro do Porto justifica a segunda fase das obras com imperativos contratuais e o aproveitamento dos fundos comunitários e queria mesmo fazer os primeiros ensaios com os novos veículos, que já estão em Portugal, nas próximas semanas, mas a nova liderança da empresa tem muitas dúvidas e vai apostar primeiro na procura de um entendimento com o novo presidente da Câmara para resolver a polémica. Só depois se deve ver o metrobus em ensaios. 

Rui Moreira, em fim de mandato, justifica a emissão de licença de ocupação do espaço para a segunda fase com a necessidade de não bloquear o projeto e de «não poder aplicar um veto de gaveta ao metrobus», defendendo que idealmente só deveriam ser tomadas novas decisões depois das eleições autárquicas. 

Manuel Pizarro, o candidato do PS, já afirmou que nesta altura o mais sensato é por o metrobus a andar no traçado da Boavista e depois avaliar todo o impacto da segunda fase, já em construção.

Mas há um problema gigantesco para resolver; a volta na Rotunda da Boavista.

O projeto financiado pelo PRR prevê a paragem do transito para a circulação do metrobus, que nas horas de ponta significava fechar a rotunda de cinco em cinco minutos. Esta solução arrisca-se a lançar o caos completo no transito numa área sensível da cidade e criar um constrangimento muito maior que o prometido alívio na circulação de automóveis com a chegada deste novo transporte.

Também na Avenida Marechal Gomes da Costa, o metrobus partilhar parte das vias com os carros e autocarros poderá causar igualmente constrangimentos na circulação. 

A nova administração da Metro do Porto nada vai decidir até às eleições e deverá procurar depois as soluções para um projeto que foi apresentado como estruturante para a cidade, capaz de diminuir a pressão do trânsito na Boavista, criando um corredor menos poluente com veículos a hidrogénio, que seria exemplar para o resto do país.

O certo é que a ideia de ter um BRT a circular está nas promessas de muitos candidatos à liderança dos municípios, em vários pontos do país.

O até aqui presidente da Metro do Porto apresenta esta solução como um modelo eficiente e sustentável. «E no contexto urbano, o que interessa é o tempo de espera», que será muito reduzido com tudo a funcionar.

A ideia de ter um metrobus está a fazer caminho em Braga, Coimbra e Oeiras. Os fundamentos desta escolha são apontados com exclusivamente técnicos, tendo em conta também a sustentabilidade financeira das operações. A velha linha ferroviária da Lousã, até Coimbra, com uma solução urbana na cidade, está já a assistir à implementação de um projeto deste tipo, marcado igualmente por uma acesa polémica que envolveu igualmente o corte de árvores e as demolições nas zonas urbanas e o arrancar dos carris para ter um ‘pantufas com pneus’.

A própria Metro do Porto está também a ponderar outras linhas para além da primeira, a da Boavista. A ideia é lançar vias que cheguem até à Maia e à Trofa, que já deveriam ter mais acessos de metro tradicional.

O metro do no Porto começou como uma missão impossível, mas afinal conseguiu-se perfurar a cidade e criar soluções de superfície, com carris, que são hoje inquestionáveis. Está mesmo a ser agora implementada uma nova linha que implica até uma nova ponte sobre o Douro. Tudo o que é metro sempre teve polémica a norte, mas lá se foram encontrando soluções. O metrobus é o primeiro ‘pepino’ para a liderança de Emídio Gomes resolver. Vamos ver quem será o autarca do Porto que vai cortar a fita do novo transporte, lá para o final do ano.

A prometida mudança é esta; O metrobus ligará a Casa da Música à Pra0ça do Império em 12 minutos e à Anémona em 17 . Estão previstas as estações na Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império Na segunda fase em Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).