“Porquê o Porto?”, repetiu o fotógrafo de arquitectura inglês Marc Goodwin, fundador de Archmospheres, em entrevista ao P3. “Primeiro, porque é uma cidade encantadora e, segundo, porque tem uma excelente cena arquitectónica. Quero dizer… Souto de Moura, Álvaro Siza…”, enumera. Era, para o fotógrafo, “quase obrigatório” documentar o interior dos ateliers de arquitectura do Porto, um exercício que já realizou inúmeras vezes noutras cidades do mundo.

O processo foi rápido. “Durou cerca de semana e meia e terminou mesmo antes do Natal passado”, recorda. “Foi um processo intensivo, fotografei 17 espaços em muito poucos dias. Através de pessoas que conhecia deste meio, consegui fazer a ponte com os ateliers de forma rápida e prática – se fosse por e-mail teria, certamente, caído na caixa de spam e a iniciativa nunca teria funcionado.”

Marc visitou, na cidade do Porto, ateliers como FAHR 021.3, Architectural Affairs ou Diogo Aguiar Studio, na Rua Miguel Bombarda, ATA Atelier, na Rua de Santa Catarina, Paulo Moreira Architectures, junto aos Clérigos, não muito longe, Crea-arquitetos, Colectivo Mel, Oitoo, Summary; junto à Foz do Douro, o fotógrafo documentou o interior do MAG Marques de Aguiar e Joaquim Portela Arquitectos. Fora da cidade, mas ainda dentro do distrito do Porto, Marc fotografou também o Atelier Local, em Valongo, Atelierdacosta, na Póvoa de Varzim, e Nuno Melo e Sousa, em Penafiel.

Goodwin, que fez 50 anos há poucos dias, interessa-se, sobretudo, por processos de transformação e readaptação de velhos edifícios. “Vi muitos espaços transformados, no Porto, o que me entusiasmou muito”, observa, dando como exemplo os ateliers de arquitectura que visitou. “Sinto que vivemos, finalmente, o momento em que, em vez de demolir edifícios antigos ou de simplesmente os restaurar, as pessoas estão a interessar-se na reutilização adaptativa, interessadas em transformar esses edifícios de forma criativa, divertida e quase pós-moderna.”

Também impressionou Marc o facto de tantos ateliers serem compostos por equipas tão pequenas. “Há estúdios com apenas duas, quatro pessoas, é muito comum”, conta. “E, mesmo assim, eles trabalham em projectos entusiasmantes. É muito bom de ver.” Numa nota pessoal, o inglês acrescenta que “todas as pessoas que conheci nos estúdios eram muito simpáticas, calorosas, senti-me bem-vindo”.

O fotógrafo de arquitectura, ocasionalmente também designer de interior e paisagismo, gostou de visitar os espaços: salienta, a título de exemplo, o “aspecto industrial” do espaço da FAHR 021.3, “o jardim maravilhoso” do Fala Atelier, o “lindo edifício de Souto de Moura, junto ao mar” de Joaquim Portela Arquitectos, “a casa transformada em atelier” do Atelier Local, “muito criativa e quase pós-moderna”, entre muitas outras referências. “Gostei de todos”, garante.

Marc gostaria de ter feito um trabalho que englobasse ateliers do Porto e Lisboa, em conjunto, e lamenta não ter sido possível. Mas o fotógrafo passa a vida em trânsito, diz, e o futuro é uma incógnita. “Digo sempre que tenho base na Europa porque estou constantemente a viajar entre o Reino Unido, Espanha, Alemanha, Finlândia, Países Baixos, por vezes Noruega. Também viajo ocasionalmente até ao Médio Oriente e, mais recentemente, passo muito tempo na China, Taiwan, Japão e Coreia do Sul.”