O cromossomo Y é muito mais pequeno do que o seu parceiro X e contém um número limitado de genes, o mais importante dos quais é o gene SRY (região determinante do sexo Y).
Daniele Ingemi Meteored Itália 05/10/2025 16:09 5 min
O cromossomo Y é o pequeno pedaço de ADN que determina o sexo masculino. Nos últimos anos, tem estado no centro de um debate científico fascinante e controverso. Os cientistas perguntam-se se está realmente a desaparecer e quais as implicações que esta possibilidade terá para o futuro da humanidade.
Para responder a estas questões, precisamos de explorar a natureza deste cromossoma, a sua história evolutiva e as suas perspectivas futuras.
O cromossomo Y
Para compreender o destino do cromossomo Y, temos de começar pelo básico. Os seres humanos têm 46 cromossomos, dispostos em 23 pares. Um destes pares determina o sexo: as mulheres têm dois cromossomas X (XX), enquanto os homens têm um cromossoma X e um Y (XY).
O cromossomo Y é muito mais pequeno do que o seu parceiro X e contém um número limitado de genes, o mais importante dos quais é o gene SRY (Sex-determining Region Y), que desencadeia o desenvolvimento de características masculinas durante a gestação.
O que faz com que o cromossomo Y esteja em risco?
A redução do cromossomo Y não é um fenômeno aleatório. Ao contrário dos outros cromossomas, que se recombinam durante a reprodução para trocar material genético e manter a sua integridade, o cromossomo Y não o consegue fazer de forma eficiente.
A ideia de que o cromossomo Y poderia desaparecer causou grande agitação, mas a realidade é mais complexa. Nos últimos anos, estudos demonstraram que o cromossomo Y não é tão frágil como se pensava.
Isso deve-se ao fato de existir num estado de “isolamento genético”, no qual a maior parte do cromossomo Y não se recombina com o cromossomo X, tornando-o vulnerável à acumulação de mutações prejudiciais. Ao longo das gerações, estas mutações podem levar à perda de genes, um processo conhecido pelos geneticistas como degeneração genética.
Os cientistas estimam que o cromossoma Y perdeu aproximadamente 97% dos seus genes originais. Esse fato levou alguns investigadores a colocar a hipótese de que, se a taxa de perda continuar, o cromossomo Y poderá desaparecer completamente num futuro distante, talvez daqui a 4,6 milhões de anos, de acordo com algumas estimativas.
Os seres humanos estão realmente em risco de extinção?
A ideia de que o cromossomo Y poderia desaparecer causou agitação, mas a realidade é mais complexa. Nos últimos anos, estudos demonstraram que o cromossoma Y não é tão frágil como se pensava.
Apesar do seu declínio, parece ter atingido uma espécie de “estabilidade evolutiva”. Alguns genes essenciais, como o gene SRY e outros envolvidos na produção de esperma, foram preservados graças a mecanismos de reparação internos ao próprio cromossoma.
Além disso, vale a pena lembrar que o cromossomo Y contém sequências de DNA repetitivas que podem ajudá-lo a manter a sua integridade ao longo de milênios.
Um exemplo interessante vem do mundo animal. Espécies como o rato-toupeira já perderam o cromossomo Y, mas os machos continuam a existir graças a mecanismos genéticos alternativos que determinam o sexo.
É possível que, ao longo de milhões de anos, a humanidade desenvolva um novo mecanismo genético para substituir o papel do cromossomo Y.
Isto sugere que, mesmo num cenário hipotético em que o cromossomo Y humano desaparecesse, os humanos poderiam adaptar-se desenvolvendo novas formas de determinar o sexo masculino.
Quais são as perspectivas para o futuro do gênero masculino?
A determinação do sexo não depende exclusivamente do cromossomo Y. Existem muitos sistemas alternativos na natureza. Nos répteis, o sexo é determinado pela temperatura durante o desenvolvimento embrionário e não pelos cromossomos. É possível que, ao longo de milhões de anos, a humanidade desenvolva um novo mecanismo genético para substituir a função do cromossomo Y.
Além disso, a ciência moderna oferece soluções que poderiam aliviar este problema. Técnicas como a edição de genes poderiam permitir a preservação ou a replicação de genes essenciais no cromossomo Y, assegurando assim a continuidade da reprodução masculina.