O comentador está otimista com o plano de paz em Gaza, que obriga todos os lados a abdicar de algo, inclusive os EUA

No seu habitual espaço de comentário, Global, Paulo Portas recordou que é muito crítico da política externa do presidente norte-americano, no entanto, classifica o plano de paz como sendo “o primeiro com pés e cabeça” produzido pela atual administração americana. Para o comentador, o acordo que terá sido negociado por Jared Kushner, genro do presidente americano, tem o benefício de obrigar todas as partes a ter de ceder. 

“Este plano merece o benefício da dúvida porque obriga todas as partes a rever a sua posição intransigente, começando pelos próprios Estados Unidos. Trump deixou cair completamente a ideia de deslocação de milhões de pessoas e aceitou a ideia de uma solução com dois estados”, afirmou o comentador, sublinhando que o Hamas será obrigado a libertar os reféns.

O plano, defende Portas, é “o epílogo totalmente indesejado” desse “monumental erro” que foi o ataque de 7 de outubro por parte do Hamas, que começa com uma violenta demonstração de força e acaba “com o desaparecimento do Hamas” em termos políticos, uma vez que este acordo afasta o grupo da gestão política da região. Mas também Israel tem de rever as suas posições. Paulo Portas defende que, uma coisa é defender Israel, outra coisa é concordar com Benjamin Netanyahu. “E eu não concordo”, frisou.

“Nada disto se faz em 24 horas, os egípcios dizem que entre um cessar-fogo, a reconstrução e uma nova administração vão passar quatro a cinco anos. Para Netanyahu é um desafio enorme, porque os dois partidos de quem ele depende são completamente contra a não anexar Gaza ou a não continuar a guerra. Secalhar ainda vamos ver Netanyahu a mudar de aliados”, afirma o comentador. 

Outro dos temas trazidos no Global foi o encerramento do Governo americano, que aconteceu pela 21.ª vez, depois de o Congresso não ter chegado a um consenso em relação ao Orçamento. Isto significa que milhares de funcionários públicos federais ficam sem trabalhar, mas também sem receber. O mais longo aconteceu no primeiro mandato de Trump, que durou 35 dias.

“O que está em causa é que os democratas, para aprovarem um orçamento que não é deles, exigem que o presidente atenue a perda de acesso de 13 milhões de americanos aos cuidados do Medicaid, que são muito importantes no sistema de saúde americano”, referiu Paulo Portas. 

Quem também parece não ter tido sucesso foi Vladimir Putin, que viu a candidata pro-Europa, Maia Sandu, vencer as eleições na Moldova com maioria absoluta, apesar dos milhões investidos pela Rússia em tentar desequilibrar o quadro eleitoral. 

“Teve uma derrota enorme. Gastou muito dinheiro, incluindo para comprar votos para tentar ganhar na Moldova. Levou uma sova, mais do que merecida. Na Chéquia, as coisas não são assim, mas também não parecem ser o que se diz. Os amigos de Putin no Conselho Europeu chamam-se Órban e Fico. Eu esperaria para ver, até porque a Chéquia tem um presidente notável e a maioria é muito curta”, explicou.