Saúde e Bem-estar

Investigadores norte-americanos analisaram 1.500 casos de enfarte agudo do miocárdio em pessoas com menos de 65 anos. Nas mulheres, a principal causa não foi a que se esperada, o que pode significar que houve diagnósticos errados e, consequentemente, tratamentos menos eficazes.

Enfartes em mulheres: nova investigação revela que causas podem estar a ser subestimadas

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O enfarte agudo do miocárdio, vulgarmente conhecimento como ataque cardíaco, é tradicionalmente associado a artérias entupidas. Contudo, um novo estudo sugere que outras causas estão a ser subestimadas, sobretudo em mulheres jovens.

A aterotrombose – quando as artérias estão entupidas e os coágulos sanguíneos bloqueiam o fluxo sanguíneo para o coração – foi responsável por 75% dos ataques cardíacos em homens. Já nas mulheres, foi a causa de menos de metade.

Estes resultados revelam que as causas de enfartes em mulheres foram “pouco reconhecidas” ao longo dos anos, o que pode levar a tratamentos “menos eficazes”, diz Claire Raphael, uma das autoras do estudo, ao ScienceAlert.

Ao contrário do que tradicionalmente se esperava, a dissecção coronária espontânea foi um dos fatores que contribuiu significativamente para a ocorrência de enfartes em mulheres. Ou seja, os investigadores descobriram que muitas ocorrências foram atribuídas de forma errada à aterotrombose.

“A nossa investigação destaca a necessidade de repensar como abordamos os ataques cardíacos, principalmente em mulheres adultas mais jovens”, afirma ao ScienceAlert o investigador e cardiologista Rajiv Gulati.

Por que razão as causas são diferentes nos homens e nas mulheres? Não se sabe. Mas os especialistas acreditam que os fatores de risco afetam as mulheres de forma diferente. Contudo, serão necessárias investigações futuras.

“Entender porque é que um ataque cardíacos aconteceu é tão importante quanto tratá-lo”, assinala Claire Raphael à mesma publicação.

As mulheres têm “duas a três vezes maior probabilidade” de morrer após um enfarte agudo do miocárdio do que os homens, indica um estudo liderado pela interna de cardiologia do Hospital Garcia de Orta Mariana Martinho.

Os resultados desta investigação destacam a necessidade de maior consciencialização sobre os riscos de doenças cardíacas em mulheres.

De acordo com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), o enfarte agudo do miocárdio provoca dor forte e intensa no peito, dor abdominal que se pode estender para os braços, costas e maxilar, náuseas e vómitos, suores, falta de ar e tonturas.

Os principais fatores de risco são tabagismo, colesterol elevado, diabetes, hipertensão arterial, excesso de peso, sedentarismo, stress e idade. Quem já teve um episódio tem maior risco de sofrer um novo enfarte.

Todos os anos, mais de 10 mil portugueses sofrem um enfarte agudo do miocárdio.