O dia 2 de agosto de 2027 ficará marcado por um dos mais impressionantes fenómenos astronómicos do século XXI: um eclipse solar total, visível no sul da Península Ibérica e em várias regiões do Norte de África.

Com uma duração de 6 minutos e 23 segundos, será o mais longo eclipse total desde 1991 e não terá rival até 2114.

Na Península Ibérica, a faixa de totalidade atravessará o estreito de Gibraltar de oeste para leste, abrangendo as cidades autónomas de Ceuta e Melilla, quase toda a província de Cádis, parte de Málaga e as zonas mais a sul de Granada e Almería.

O fenómeno ocorrerá de manhã, por volta das 10h50 (hora local), altura em que o Sol já estará suficientemente elevado no horizonte para facilitar a observação. Quem não estiver dentro da faixa de totalidade poderá ainda assistir a um eclipse parcial, visível em todo o território português e espanhol.

A viagem da sombra da Lua

Com cerca de 258 quilómetros de largura, a sombra da Lua demorará 3 horas e 20 minutos a percorrer a Terra.

O trajeto passará pelo sul de Espanha, norte de Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão, Arábia Saudita, Iémen e Somália, desaparecendo no Oceano Índico, a leste do Arquipélago de Chagos.

Um dos pontos altos deste eclipse acontecerá em Luxor, no Egito, onde a duração da totalidade será máxima.

Percurso do eclipse solar total a 2 de agosto de 2027

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Eclipse total de 12 de agosto de 2026 “vai valer mesmo a pena”

Um pouco mais próximo no tempo, o eclipse total de 12 de agosto de 2026 “vai valer mesmo a pena pois a faixa da totalidade vai passar já aqui ao lado, entre o norte e o este de Espanha, em cidades como Gijón, Valladolid, Bilbau, Saragoça ou Valência”, explica o astrónomo Ricardo Cardoso Reis, doInstituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

“Em Portugal, só numa pequena parte do nordeste do Parque Natural do Montesinho será possível ver o eclipse como total e a única povoação ainda dentro da faixa da totalidade será a pequena aldeia de Guadramil, onde a totalidade irá durar apenas 10 segundos.

No resto do território nacional, a ocultação varia entre os 72% nos Açores e os 99,9% em Bragança. Este eclipse termina ao pôr-do-sol (em algumas localidades termina mesmo depois do Sol se pôr), mas o máximo será visível em todo o país”.

Em parceria com a Agência Ciência Viva, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço vai organizar um evento de observação do eclipse do próximo ano, no único local em que este será total em Portugal.

O que é um eclipse do Sol?

Um jogo de sombras com três atores: a Lua, a Terra e o Sol. Um eclipse solar acontece quando a Lua se posiciona entre a Terra e o Sol, projetando a sua sombra sobre o nosso planeta.

  • Eclipse solar total: a Lua cobre completamente a face do Sol em determinadas regiões da Terra, criando um período de escuridão semelhante ao anoitecer. Durante este momento, a coroa solar – a atmosfera exterior do Sol – torna-se visível.
  • Eclipse solar parcial – a Lua cobre apenas uma parte do Sol, deixando uma porção da sua superfície ainda visível.
  • Eclipse anular – a Lua não consegue tapar a totalidade do disco solar e sobra um anel de Sol visível à sua volta, explica Ricardo Cardoso Reis.

Eclipse anular do Sol 2021

FCUL-OAL

Olhar para o Sol: um perigo real

Observar um eclipse solar sem a proteção adequada pode provocar lesões oculares graves. Para uma observação segura, recomenda-se o uso de filtros solares certificados ou de projetores indiretos, como a projeção por orifício.

  • Um eclipse solar anular ocorrerá em 17 de fevereiro de 2026, visível na Antártica, com um eclipse parcial visível em África, América do Sul, Oceano Pacífico, Oceano Atlântico e Oceano Índico.
  • Um eclipse solar total ocorrerá em 12 de agosto de 2026, visível na Gronelândia, Islândia, Rússia, Espanha e uma pequena parte de Portugal. Um eclipse parcial será visível na Europa, África, América do Norte, Oceano Atlântico, Oceano Ártico e o oceano Pacífico.

Uma mapa interativo, produzido pelo astrónomo francês Xavier M. Jubier, dá pormenores sobre este e outros eclipses.