O Papa Leão XIV exortou este domingo os 1,4 mil milhões de católicos do mundo a cuidarem dos imigrantes, dando continuidade à sua mensagem de boas-vindas aos migrantes, poucos dias depois de ter criticado as políticas anti-imigração de linha dura do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Leão, o primeiro Papa norte-americano, disse aos milhares de peregrinos que participaram na missa deste domingo na Praça de São Pedro que os imigrantes não devem ser tratados com “a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação”.

O Papa, que não destacou nenhum país pelo seu tratamento aos migrantes, exortou os católicos a “abrirem os braços e os corações para eles, acolhendo-os como irmãos e irmãs, e sendo para eles uma presença de consolo e esperança”.

No dia 30 de Setembro, o Papa Leão XIV tinha criticado as políticas de imigração da Administração Trump, questionando se elas estavam em consonância com os ensinamentos pró-vida da Igreja Católica, um comentário que provocou reacções acaloradas de alguns católicos conservadores proeminentes.


“Alguém que diz que é contra o aborto, mas concorda com o tratamento desumano dos imigrantes nos Estados Unidos, não sei se isso é ser pró-vida”, disse o pontífice, há poucos dias, em declarações aos jornalistas à porta da sua residência, em Castel Gandolfo.

Neste domingo, o Papa disse que a Igreja global estava a viver “uma nova era missionária” e que tem a missão de oferecer “hospitalidade e acolhimento, compaixão e solidariedade” aos migrantes que fogem da violência ou procuram um lugar seguro para viver.

“Nas comunidades de antiga tradição cristã, como as do Ocidente, a presença de muitos irmãos e irmãs do Sul do mundo deve ser acolhida como uma oportunidade, através de um intercâmbio que renova a face da Igreja”, disse o Papa Leão XIV, no dia em que terminaram as comemorações do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.

A Igreja Católica celebra a data desde 1914, ocasião para exprimir preocupação pela diversidade de pessoas vulneráveis que se deslocam, para rezar por elas e para aumentar a sensibilização acerca das oportunidades proporcionadas pelas migrações. Todos os anos, este dia é celebrado no último domingo de Setembro, mas este ano, por ocasião do Jubileu dos Migrantes, assinalou-se nos dias 4 e 5 de Outubro. Como título da sua mensagem anual, o Papa Leão XIV escolheu o tema “Migrantes, missionários de esperança”.

Em Junho, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou uma intensificação das operações de combate à imigração ilegal nas maiores cidades do país sob gestão democrata, incluindo Los Angeles, Chicago e Nova Iorque, bem como a deportação imediata de estrangeiros em situação ilegal no país. Em Julho, à chegada à Escócia para uma visita, Trump fez questão de reivindicar o sucesso do seu programa de detenção e deportações de imigrantes para os países de origem ou terceiros e disse que os países europeus estão a sofrer uma “invasão horrível” de imigrantes.

“Esta imigração está a matar a Europa”, afirmou Trump, deixando um apelo: “Têm de parar esta invasão horrível que está a acontecer em muitos países da Europa”, sem especificar a que países se referia.