A Comunidade Israelita do Porto acredita que nos próximos dias poderão ser libertados três cidadãos portugueses que permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza: é também esperada a devolução dos corpos de outros três portugueses que terão morrido durante os ataques de 7 de outubro. No total, trata-se de seis cidadãos entre os 48 reféns identificados, provenientes de cerca de 20 nacionalidades diferentes.
Gabriel Senderowicz, presidente da Comunidade Israelita do Porto, confirmou a expectativa à ‘CNN Portugal’, indicando que os três portugueses vivos são Segev Halfon, de 27 anos, descendente de famílias sefarditas oriundas de Marrocos e da Tunísia, e os irmãos Ariel Cunio, de 28 anos, e David Cunio, de 35, de origem sefardita turca.
Os registos familiares dos Cunio remontam ao século XIX, quando os bisavós José e Anna Cunio viviam em Esmirna, no antigo Império Otomano. Nas instituições judaicas “Kahal Kadosh Portugal” e “Dotar as Órfãs” conservam-se documentos históricos da família. Atualmente, os Cunio possuem nacionalidades israelita, portuguesa e argentina.
Entre os falecidos cujos corpos permanecem sob posse do Hamas estão Yossi Sharabi, de 53 anos, Ran Gvili, de 26, e Dror Or Ermoza, de 48. Todos descendem de famílias sefarditas com ligações históricas a Portugal e ao mundo judaico.
Segundo a ‘CNN Portugal’, Yossi Sharabi, de ascendência marroquina, pertence à família Turgeman, com registos no cemitério judaico de Lisboa desde o regresso de alguns membros após a abolição da Inquisição. Ran Gvili, de origem egípcia, era bisneto de Eduardo Nada, que sempre defendeu o retorno dos judeus a Israel, considerando-o o único refúgio seguro.
Já Dror Or Ermoza, descendente de uma família sefardita otomana, falava ladino e inspirou a personagem central da série da Netflix “Beauty Queen of Jerusalem”. Tinha também nacionalidades israelita, portuguesa e argentina. Tanto ele como a esposa foram assassinados, enquanto os filhos, Alma (17 anos) e Noam (15 anos), e o sobrinho Liam (23 anos), foram feitos reféns, tendo já sido libertados.
Ran Gvili estava internado num hospital e seria operado no dia 7 de outubro. Ao saber dos ataques, deixou a cama de hospital, vestiu-se e foi combater. Morreu em confronto e o seu corpo foi levado para Gaza, onde permanece como símbolo de guerra e moeda de troca nas negociações entre Israel e o Hamas.