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Um novo estudo analisou mais de mil espécies animais e descobriu que, geralmente, há uma correlação entre viver mais tempo e ter dois cromossomas  idênticos.

É uma tendência observada em diferentes culturas e períodos e até em muitas espécies animais — as mulheres vivem mais tempo do que os homens.

Um novo estudo, publicado na semana passada na Science Advances, sugere agora que a explicação pode estar enraizada na história evolutiva, com os cromossomas sexuais e as estratégias reprodutivas a desempenharem papéis fundamentais.

A investigação examinou dados de 1176 espécies de mamíferos e aves que vivem em jardins zoológicos. É a análise mais abrangente das diferenças de esperança de vida baseadas no sexo nestes grupos até à data.

Os resultados revelaram um contraste impressionante: as fêmeas de mamíferos vivem em média mais 12% do que os machos, enquanto os machos sobrevivem às fêmeas em cerca de 5%, o que está em linha com a hipótese do sexo heterogamético, que propõe que o sexo com dois cromossomas idênticos tem uma vantagem de sobrevivência.

Nos mamíferos, as fêmeas transportam dois cromossomas X, enquanto os machos têm um X e um Y. Nas aves, o padrão é inverso: as fêmeas são o sexo heterogamético, com cromossomas ZW, enquanto os machos transportam dois cromossomas Z.

Ainda assim, os cromossomas não contam toda a história. “Algumas espécies apresentaram o oposto do padrão esperado”, explicou a autora principal Johanna Stärk. Por exemplo, em muitas aves de rapina, as fêmeas são maiores e vivem mais tempo do que os machos.

Para investigar mais a fundo, os investigadores examinaram as estratégias reprodutivas e descobriram que os mamíferos polígamos com intensa competição masculina tendiam a ter uma esperança de vida mais curta.

As aves, por outro lado, são mais frequentemente monogâmicas e enfrentam menos competição reprodutiva, ajudando os machos a ganhar uma vantagem na longevidade.

Os papéis parentais também importam. Nas espécies em que um sexo investe mais na criação das crias, geralmente as fêmeas entre os mamíferos, este sexo tende a viver mais tempo.

Para os animais que vivem mais tempo, como os primatas, a sobrevivência feminina prolongada garante que as crias cresçam até à independência, reforçando a sobrevivência da espécie, explica o IFLScience.

O facto de o estudo se ter centrado em animais de jardim zoológico também esclarece a biologia por detrás desta lacuna. Viver em cativeiro remove muitos fatores de stress externos, como predação, escassez de alimentos ou climas rigorosos. Ainda assim, os mesmos padrões baseados no sexo persistiram, sugerindo que estão em ação factores biológicos intrínsecos.

Os investigadores afirmam que os resultados ajudam a explicar porque é que as mulheres sobrevivem consistentemente mais tempo do que os homens em todas as sociedades humanas, mesmo com a medicina e a melhoria das condições de vida a diminuir esta diferença.

“A maior esperança de vida para as mulheres parece ser uma característica há muito enraizada na nossa história evolutiva”, concluiu a equipa.


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