Taxas Euribor a 3 e a 6 meses terão subido ligeiramente em julho face ao mês anterior, mas quem tiver o seu contrato revisto em agosto ainda vai sentir uma descida significativa na prestação a pagar ao banco. Confira o seu caso
Os detentores de crédito à habitação cujo contrato seja revisto em agosto vão sentir um novo alívio na prestação a pagar ao banco, mas a evolução das taxas Euribor registada em julho mostra que o movimento de descida de juros que se faz sentir desde finais de 2023 estará muito perto de chegar ao fim.
A média das taxas Euribor em julho, ainda sem levar em conta os dados desta quinta-feira, mostram que nos prazos mais curtos (Euribor 3 meses e 6 meses) ter-se-á registado mesmo uma ligeira subida face ao mês anterior. Para encontrar a última vez em que se registou uma subida simultânea nestes prazos é preciso recuar quase dois anos, mais precisamente a outubro de 2023. E no caso da Euribor 12 meses, embora em julho ainda tenha havido uma descida, a queda foi quase insignificante.
Apesar desta evolução, quem tiver o seu contrato revisto em agosto, cujo valor é calculado com base na média das Euribor de julho, ainda sentirá uma nova e significativa descida da prestação a pagar ao banco. Algo que acontece porque a comparação para estes cálculos não é a diferença entre a média das Euribor de junho e julho, mas a comparação entre o valor de julho e o mês da última revisão: no caso da Euribor 3 meses a comparação é com abril; na Euribor 6 meses, com janeiro; e na Euribor 12 meses, com julho do ano passado. E nestas comparações ainda se regista uma descida acentuada de taxas que irá, desta forma, permitir uma descida da prestação.
A comparação da evolução das Euribor entre junho e julho é, ainda assim, relevante porque reforça a convicção de que também o Banco Central Europeu (BCE) está prestes a dar por terminado o ciclo de descidas das suas principais taxas de juro de referência. Há precisamente três anos, a instituição com sede em Frankfurt, na Alemanha, iniciou uma enorme e rápida subida de taxas de juro de forma a combater uma inflação galopante que surgiu após a invasão russa da Ucrânia e que chegou a colocar o ritmo de subida de preços na Zona Euro acima dos 10%. A principal taxa de referência do BCE passou de um valor negativo de 0,5% há três anos para 4% em setembro de 2023. Depois, e já com a inflação a dar sinais de controlo, a instituição liderada por Christine Lagarde começou a descer taxas, estando atualmente a taxa de depósitos nos 2%.
Na última reunião do BCE, na semana passada, Lagarde deixou as taxas de juro inalteradas e a grande dúvida que existe atualmente é saber se após a descida da taxa de depósito para 2% ainda haverá mais alguma descida de taxas. De acordo com uma sondagem da Reuters realizada entre 18 e 24 de junho, uma maioria de mais de 53%, ou seja, 46 de 86 economistas, previa que o BCE voltasse a reduzir as taxas, provavelmente em setembro. Mas também houve 21 economistas a afirmar que o BCE se absterá de efetuar novos cortes, enquanto quase o mesmo número de economistas, 19, afirmam que ainda faltam dois cortes de taxas até ao final do ano.
Sem certezas sobre qual será a decisão do BCE e como irão as taxas Euribor reagir, o que se sabe é que com base na média das Euribor de julho, quem tiver os seus contratos revistos em agosto irá sentir uma nova descida da prestação a pagar ao banco.
Confira o seu caso:
Quanto já aumentou e como vai evoluir em agosto a prestação da casa
Empréstimo a 30 anos com spread de 1% || Dados de julho até dia 30
EURIBOR 3 MESES
EURIBOR 6 MESES
EURIBOR 12 MESES
NOTA 1 | Como foram feitos os cálculos
Os cálculos partem do princípio de que há três anos o capital em dívida era de 50, 100, 150 ou 200 mil euros, consoante o exemplo, e que o prazo de pagamento era de 30 anos, com um spread de 1%. A partir desse ponto, a cada revisão do contrato, aplica-se a taxa de juro correspondente e diminui o montante em dívida e o prazo de pagamento do crédito.
NOTA 2 | O que são as taxas Euribor
Euribor é a abreviatura de Euro Interbank Offered Rate. As taxas Euribor baseiam-se nas taxas de juro que um conjunto de bancos europeus está disposto a pagar para emprestar dinheiro uns aos outros. No cálculo, os 15% mais altos e mais baixos de todas as cotações recolhidas são eliminados. As restantes taxas são calculadas como média e arredondadas a três casas decimais. O valor das taxas Euribor é determinado e publicado diariamente. Existem cinco taxas Euribor diferentes, todas com diferentes maturidades (uma semana, um mês, três meses, seis meses e 12 meses).