Dmitry Medvedev voltou a provocar polémica com declarações incendiárias sobre o conflito entre a Rússia e o Ocidente. O vice-presidente do Conselho de Segurança russo afirmou que os drones não identificados que têm sobrevoado vários países europeus devem servir como aviso de que “a guerra está próxima”. De acordo com a publicação ucraniana ‘Kyiv Post’, Medvedev acusou os europeus de viverem “como animais estúpidos conduzidos ao sacrifício”, sem perceberem o risco de um confronto direto com Moscovo.

Drones misteriosos sobre a Europa

Nas últimas semanas, autoridades de países como Alemanha, Dinamarca e Noruega relataram a presença de drones não identificados sobre infraestruturas estratégicas. Medvedev declarou que “não importa quem os envia” e apresentou várias hipóteses para explicar os incidentes: provocações ucranianas, testes dos próprios sistemas de defesa europeus ou mesmo ações de grupos pró-russos que atuam dentro da União Europeia.

Entre as possibilidades que mencionou, o político russo considerou “bastante provável” que se trate de provocações realizadas por ucranianos a viver na Europa, com o objetivo de aumentar o apoio militar ao seu país. Nas suas palavras, seriam “cobardes” que preferem lançar drones “a partir de locais seguros” em vez de combater na linha da frente.

Estratégia de medo e manipulação

O discurso de Medvedev, amplamente divulgado pela imprensa russa, tem sido interpretado como parte de uma estratégia de pressão psicológica. O ‘Kyiv Post’ sublinhou que o ex-presidente russo procurou sobretudo incutir medo nos cidadãos europeus, afirmando que deveriam “sentir o cheiro da guerra” e preparar-se para um futuro “curto e doloroso”.

Medvedev criticou ainda líderes europeus como Emmanuel Macron e Friedrich Merz, acusando-os de “viver do sangue alheio” e de transformar o conflito num instrumento político.

Mensagem com alvo político e social

As declarações de Medvedev surgem num contexto de crescente tensão entre Moscovo e as capitais europeias, que têm alertado para o risco de um confronto militar com a Rússia nos próximos cinco anos. O político, que se tornou um dos rostos mais agressivos da retórica do Kremlin, rejeita essas previsões, insistindo que o verdadeiro colapso está a ocorrer dentro da própria Europa — económica e culturalmente enfraquecida e, segundo ele, “dependente dos Estados Unidos”.

Os analistas apontaram que este tipo de discurso serve para alimentar divisões no seio da União Europeia e fragilizar o apoio à Ucrânia, mantendo viva a perceção de ameaça constante.